Senhor Primeiro-Ministro, Luís Montenegro,.O Parlamento debateu e rejeitou recentemente, com votos contra do PSD, a proposta de resolução da Iniciativa Liberal para reconhecer Edmundo González Urrutia como legítimo vencedor das eleições presidenciais venezuelanas de 2024. Hoje, a confirmação dos factos e o alinhamento internacional demonstram que essa decisão merece ser reavaliada..A liderança mundial está em movimento. Os Estados Unidos, a Itália, o Japão, o Canadá e até países sul-americanos, como o Equador e a Argentina, já reconheceram Edmundo González Urrutia como presidente eleito da Venezuela. O Parlamento Europeu, para além de reconhecer essa vitória, atribuiu o Prémio Sakharov a González e María Corina Machado pela sua coragem em enfrentar a tirania. .O que está em jogo não é apenas a liberdade do povo venezuelano. É também a diáspora portuguesa na Venezuela e o compromisso do nosso país com os valores democráticos universais. A nossa comunidade na Venezuela é vítima direta da violência, da repressão e da miséria. Centenas de milhares de portugueses e luso-descendentes olham para Portugal não apenas como pátria ancestral, mas como luz de esperança. Ignorar a sua realidade é falhar com a nossa própria identidade..Reconhecer Edmundo González Urrutia é um ato de justiça. É uma manifestação de apoio à nossa diáspora e àqueles que, mesmo perante perseguição, prisões arbitrárias e mortes, continuam a lutar pela liberdade. É um sinal de que Portugal não se curva a regimes opressivos, nem verga perante fraudes eleitorais. .Não é tarde para o governo mudar de posição. A liderança mundial que importa é a que defende valores inalienáveis de liberdade e justiça. Portugal tem um papel moral a desempenhar. A nossa voz, em defesa dos oprimidos e da democracia, deve ser clara e inequívoca. É o momento de o Governo reconsiderar, juntando-se à Iniciativa Liberal nesta causa justa e colocando Portugal no grupo dos países que lideram pelo exemplo..A História lembrar-nos-á pelas escolhas que fizermos. O povo venezuelano merece liberdade. A diáspora portuguesa merece dignidade. E Portugal merece estar do lado certo da História..Com a mais elevada consideração,.Rui Rocha