Campeonato da Europa de 2024 - Jogo em casa para a Europa

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Chegou finalmente o dia tão aguardado. O Campeonato Europeu de Futebol masculino, o terceiro maior evento desportivo do mundo, está prestes a começar. Ao longo de um mês, inúmeros adeptos de Portugal, da Europa e de todo o mundo, estarão de olhos postos na Alemanha.

A história (do futebol) da República Federal da Alemanha, em particular, demonstra que os grandes eventos futebolísticos têm uma dimensão social e política importante que não deve ser subestimada. Recorde-se o primeiro título da Alemanha no Campeonato do Mundo, em Berna, em 1954, ou o êxito de uma Alemanha reunificada no Campeonato do Mundo de 1990. Os acontecimentos “fora de campo” são, por vezes, tão importantes como os que se desenrolam “dentro de campo”.

Não há dúvidas, atualmente, a Europa está a viver tempos difíceis. São várias as crises, as guerras e as catástrofes que assolam a sociedade, inquietando muitos e semeando receios quanto ao futuro. Na Alemanha, discute-se frequentemente o tema da capacidade integradora do futebol, e o futebol é frequentemente descrito como a “última grande fogueira” do nosso tempo. Contudo, será este ainda o caso nos dias que correm e, não obstante os enormes desafios que a Europa enfrenta atualmente, será ainda apropriado celebrar uma festa em torno do futebol?

Nos últimos meses, a Ministra Federal das Relações Externas enviou Embaixadores do Campeonato Europeu de Futebol 2024 para vários países europeus, com o objetivo de promover o #HeimspielFuerEuropa (jogo em casa para a Europa). Tive o privilégio de testemunhar, no início do ano, a visita da antiga internacional e selecionadora alemã, Steffi Jones e do antigo internacional Arne Friedrich, a Portugal, como primeiro país desta digressão. O que mais me impressionou foi o entusiasmo que ambos suscitaram e a forma como chegaram aos mais diversos grupos sociais - desde líderes empresariais a jovens da iniciativa “Bola Pr’a Frente”, um projeto de futebol destinado a crianças e jovens de zonas socialmente desfavorecidas. Tal como Steffi Jones afirmou numa conferência de imprensa: “O futebol une. O futebol pode ser um exemplo e modelo importante no que se refere ao respeito, ao fair play, à tolerância e à diversidade”.

Assim sendo, acalento a esperança de que este Campeonato da Europa transmita simultaneamente um sinal de coesão e de unidade na diversidade.  Que as pessoas se juntem de forma pacífica e alegre, independentemente da sua origem, género, religião ou ideologia. Trata-se de uma mensagem clara contra o populismo e a marginalização!

Que este Campeonato da Europa estabeleça novos padrões em matéria de sustentabilidade no âmbito dos grandes eventos desportivos: a criação de um fundo para o clima e a utilização de infraestruturas desportivas do futebol já existentes, em vez da construção de novos estádios. A seleção alemã, por sua vez, abdica dos voos e viaja exclusivamente de autocarro e de comboio. E por último, mas não menos importante: No mundo do futebol, ainda dominado pelos homens, haverá várias árbitras a apitar os jogos!

Aguardo com muita expetativa a transmissão dos jogos do Campeonato da Europa no grande ecrã em Lisboa, na companhia de muitos adeptos portugueses, alemães e de todo o mundo! 

Todos os jogos da equipa alemã serão transmitidos em direto no jardim do Goethe-Institut em Lisboa. Como anfitriã, a Alemanha vai disputar esta noite o jogo de abertura com a Escócia.

Sejam todos muito bem-vindos - tanto na Alemanha como aqui, em Lisboa!


Embaixadora da República Federal da Alemanha

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