Burquina Faso - Ofensiva alimentar 2014-2025!

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Otítulo e o sumo deste “exótico saheliano”, têm fonte em documentário da Aljazeera, de Michel K. Zongo, no qual os homens da enxada, o “peixe piqueno”, logo à entrada cita máximas do pan-africanismo, que servem de veludo adiposo, como se um cobertor quente garantisse a vida ao corpo frio que diz:

“A soberania alimentar é a fundação de toda a dignidade”, “todos precisamos de trabalhar, só assim conseguiremos ser auto-suficientes”, ou ainda, a “melancia autárcica com pé na Albânia ideológica” que diz: “No fim (deste processo), queremos ter um produtor organizado, camponeses organizados e tecnicamente equipados, camponeses esses que se vão alimentar da sua própria produção”, Luc Damiba, analista político.

Precisamente, esta “ofensiva alimentar” iniciou-se em 2014 com o fim do “reinado do PR Blaise Compaoré” e dos seus 27 anos de “absolutismo africano”! O início da “utopia burquinabé” data deste “PREC” que se prolongará depois entre 2016 e 2022, no “labirinto do multipartidarismo democrático” próprio das utopias. Os “nós górdios” fazem parte do processo, bem como a “espada dos militares que os desata”! Perante uma crescente crise securitária, os militares tomam o poder em 2022, seguindo o vizinho Mali. Passados 8 meses do golpe, o povo, que o apoiou, começa, segundo a análise de Luc Damiba, a fazer um “golpe-de-estado-interior, criando uma instabilidade onde a população se reencontra consigo própria, sempre dentro de uma constância. O que quer o povo? O povo quer viver com dignidade, com liberdade e na sua modéstia própria, em paz!”

O Capitão Ibrahim Traoré, demonstrou ser sensível à fatia da população que vive da agricultura, mais de 90%, e cavalgou esta esperança popular. Traoré, PR Interino, percebeu que o apoio popular não se sustenta com barrigas vazias, bem como o militar, que também precisa de comer!

A “ofensiva alimentar” passa assim a ser uma razão de Estado, um sustentáculo do regime. 64 mil hectares de terra foram distribuídos gratuitamente, o que permitiu a formação de cooperativas agrícolas no país. Foram comprados e distribuídos 500 tratores, mais subvencionamento de sementes, apenas faltando agora o fim da “máfia dos adubos”, imposição não-necessária!

E há uma conclusão para este “cabeça, tronco e membros”, a formação de cooperativas exclusivas de mulheres, ferramenta de empoderamento de elo-mais-fraco, redução dos fluxos migratórios. já que não há falta de força braçal nas hortas e arrozais, bem como um decréscimo do recrutamento jihadista circundante. A agricultura oferece melhor futuro do que o “bombismo-suicida”, profissão cujas glórias rebentaram de vez!

Apesar de tudo, o Burquina tem um plano, um caminho, começando agora a olhar para a gestão das águas, enquanto complemento para consolidar toda a burocracia agrícola que já garantiu

Politólogo/arabista

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Escreve de acordo com a antiga ortografia

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