Biden e o Estado da União

Amanhã o Presidente mais velho da história dos Estados Unidos da América vai voltar a falar à União. Este será um dos momentos políticos mais altos do ano, no qual Biden discursará sobre o Estado da União. Biden tem conseguido grandes feitos, mas mesmo assim continua a deparar-se com obstáculos consideráveis e os republicanos podem não ser o maior dos seus problemas.

De acordo com uma nova sondagem da Associated Press (conjuntamente com o NORC), só 37% dos Democratas querem que Biden se recandidate ao cargo em 2024. Esse número contrasta fortemente com os 52% registados antes das eleições intercalares (as midterm elections). Relembre-se que foi aí que os Democratas conseguiram impedir a então prevista "onda vermelha", que nunca chegou a rebentar.

É importante não confundir os números da recandidatura com os da aprovação da governação Democrata. Atualmente a aceitação do Presidente continua na casa dos 41%, à semelhança do que sucedia há um ano. A taxa de aprovação só piora quando se reporta à reeleição, tendo descido de um ano para o outro mais de 7 pontos, cifrando-se agora nos 22%.

Esta taxa de aprovação apurada pela sondagem talvez transpareça o receio de que o cargo seja muito pesado para alguém com mais de 80 anos de idade. As suas várias gaffes, pequenos acidentes ou o ar de fragilidade física do Presidente são indícios que não inspiram segurança.

Não obstante, amanhã, no discurso do Estado da União, Biden terá mais uma oportunidade para demonstrar a sua aptidão, experiência e enorme capacidade para desempenhar o cargo que ocupa. O Presidente americano foi eleito para o Senado em representação do Delaware em 1972, estando, portanto, na vida política ativa há mais de 50 anos.

Debaixo da sua presidência já foram criados mais de 12 milhões de postos de trabalho, a pandemia do Covid-19 foi eficazmente controlada, aprovou-se legislação que permitiu levar a cabo investimento em infraestruturas pelo país fora e colocaram-se em prática medidas económicas e fiscais para fazer face às alterações climáticas que tanto têm assolado os Estados Unidos.

Independentemente de todas as suas conquistas, são poucos os que acreditam na capacidade de Biden conseguir implementar as principais medidas pelo facto as mesmas terem de ser negociadas com a maioria Republicana.

Todos os aspetos anteriormente enumerados fazem levantar um conjunto de questões pertinentes: será que os eleitores votaram Biden ou contra o anterior Presidente? Não será que esta discussão fragiliza ainda mais os Democratas, quer seja Biden ou outro candidato a concorrer à Casa Branca? Não sairá Trump beneficiado de todas estas querelas internas?

As questões são legítimas, mas há factos que não podem ser apagados seja Biden candidato ou não: os Estados Unidos continuam a registar a menor taxa de desemprego dos últimos 50 anos (3,5%) e a Reserva Federal Americana tem conseguido lidar bem com a inflação ainda alta (nos 6,5%) e tem como objetivo fazer a diminuição da mesma até aos 2%.

Contudo, será que quando o momento chegar o eleitor levará os factos em conta? Serão esses importantes ou devem os partidos escolher os candidatos tendo por base critérios que afastem os dois Presidentes?

Antes de chegarem as respostas haverá o discurso do Estado da União em que Biden fará uso do seu melhor atributo, um dos quais se tem gabado de conseguir: uma intervenção de "encher o olho".

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