Bibi e o difícil caminho das pedras na Palestina

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Se não existir um acordo de paz entre Israel e a Palestina que possa travar uma escalada de guerra no Médio Oriente e coloque em perigo a paz mundial, haverá um responsável principal.

Esse responsável tem uma cara e um nome. Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, também conhecido por Bibi, desde há décadas com responsabilidades políticas no país.

Líder do Likud, um partido de extrema-direita, Bibi foi representante do Estado de Israel nas Nações Unidas e é o único primeiro-ministro nascido em Israel, após a Guerra da Independência em 1948.

Bibi é politicamente um falcão, responsável número um pelo genocídio que, atualmente, a guerra tem provocado em Gaza, com a morte de mulheres, crianças e jovens, no que se pode considerar a destruição de um povo.

A política deste homem, que foge à Justiça por acusações de fraude e corrupção, baseia-se no princípio das “três negativas”. Não aceita a retirada dos montes Golã, não abriu mão de negociações sobre Jerusalém, e recusa qualquer tipo de negociação com o estabelecimento de pré-condições. Ao recusar os Acordos de Paz de Oslo, que visavam a criação do Estado da Palestina, Netanyahu escolheu o caminho da destruição da Palestina e da decapitação dos principais líderes dos movimentos, Hamas e Hezbollah, que combatem Israel no sentido de existência de uma pátria palestiniana.

É uma política extremista. E perigosa, que põe em causa a paz no Mundo, os equilíbrios económicos e financeiros globais, que pode atingir não apenas a região do Médio Oriente, mas escalar para uma guerra de dimensão mundial.

Ainda que o atual governo de Telavive tenha respondido a um ataque terrorista desencadeado pelo Hamas, a 7 de Outubro, que provocou a morte de jovens israelitas e a existência de um elevado número de reféns, ainda hoje 115 na posse do Hamas e que esta organização teima em não libertar, nada justifica a bárbara resposta que Israel deu. Hoje o governo israelita encontra-se dividido, entre os membros do gabinete que querem um acordo com o Hamas e Netayahu que teima no seu bárbaro exercício de genocídio de um povo e da liquidação dos seus dirigentes máximos políticos e militares. Os dirigentes das Forças de Defesa Nacional, o chefe da Mossad e o responsável pela segurança interna querem um acordo e entendem que chegou o momento de uma trégua. Mas Netanyahu acha que não.

Está o Mundo, assim, colocado em perigo pela teimosia de um homem, que apesar de tudo está legitimado por eleições nacionais onde o seu partido teve maioria e formou uma coligação com outras três forças de extrema-direita e dois partidos religiosos ortodoxos que são o suporte político do governo de Bibi.

Há uma responsabilidade repartida pela inexistência de um projeto de paz na região. Há do lado das democracias ocidentais que desde a longínqua declaração de Balfour, em 1917, por influência britânica, não cuidaram de antever os perigos que surgiriam pela criação do Estado de Israel numa zona do mundo muçulmano e islâmico, contrariando países como o Egito, Líbano, Síria, Iraque, Jordânia e Irão, que sempre se opuseram à fixação de Israel. Há responsabilidade das democracias ocidentais, particularmente dos Estados Unidos, Inglaterra e Israel, quando em 2006 não aceitaram a vitória do Hamas que ganhou as eleições em Gaza conquistando 76 dos 132 lugares no parlamento, sob forte escrutínio de observadores independentes internacionais.

Mas há também responsabilidade dos países que se opõem à formação do Estados de Israel, escolhendo os caminhos da violência e do terrorismo para defenderem os seus direitos e a autonomia do povo Palestiniano. A verdade é que não há inocentes neste processo e o Mundo vai assistindo atónito a uma teimosia de guerra, sem que se vislumbre um resquício de paz e entendimento que possa levar à formação de dois Estados Independentes, Israel e Palestina, e da coexistência pacífica de dois povos, o israelita e o palestiniano, que possam viver em paz e harmonia.

Por tudo isto não é fácil fazer o caminho das pedras na Palestina.

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