Andar a pé. A caminho de uma mobilidade mais sustentável
Andar a pé é a forma mais simples e eficiente de mobilidade, mas a sua importância nem sempre é devidamente reconhecida. Num momento em que as cidades enfrentam desafios crescentes em termos de mobilidade, alterações climáticas, qualidade do ar, ruído, congestionamento e saúde pública, é fundamental repensar o papel da pessoa que anda a pé - o peão.
Tendo em conta estes desafios, a Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Pedonal foi desenhada para contribuir para a promoção de uma nova cultura de mobilidade e uma mudança de paradigma, relembrando que “Somos Todos Peões”.
Portugal tem-se destacado internacionalmente nas políticas públicas que pretendem incentivar a mobilidade pedonal. Esta liderança foi decisiva para acolher, entre os dias 14 e 18 de outubro, em Lisboa, a 24.ª edição da Conferência Walk21 Portugal, cujo lema é Everybody Walks. O mais importante evento global anual reunirá especialistas e decisores para debater o futuro da mobilidade pedonal em torno de quatro temáticas principais: espaço público, inclusão, emergência climática e governança.
A mobilidade pedonal é mais do que uma forma de deslocação, é a chave para promover comunidades mais inclusivas, saudáveis e humanizadas. Ao colocar o peão no topo das prioridades, promove-se a inversão da tradicional pirâmide da mobilidade, que historicamente prioriza os veículos motorizados. Esta inversão reconhece primazia à mobilidade ativa - andar a pé e de bicicleta - e ao transporte público, sensibilizando para uma utilização mais racional e sustentável do espaço público.
Incentivar as pessoas a andar a pé contribui para a redução das emissões de carbono, melhora a saúde pública, promove estilos de vida ativos e saudáveis e contribui para um ambiente urbano mais acessível e seguro, e para uma maior qualidade de vida.
Para além de contribuir para a redução da dependência de veículos motorizados, andar a pé contribui para a saúde física e mental. Estudos demonstram que andar a pé regularmente ajuda a prevenir doenças crónicas, como a obesidade e as doenças cardiovasculares, além de melhorar o bem-estar psicológico e de promover a interação social, a coesão e o sentido de pertença.
Em termos ambientais, a redução de veículos nas ruas significa menos poluição, menor consumo de energia e de espaço que pode ser empregue para outras funções de socialização. As cidades que incentivam a mobilidade ativa tendem a ser mais agradáveis, menos caóticas, mais humanizadas, onde a segurança e o bem-estar dos cidadãos são os pilares centrais.
No entanto, para que andar a pé se torne uma opção viável e segura, é essencial promover infraestruturas adequadas. Passeios largos, seguros e acessíveis, passadeiras bem localizadas e espaços azuis e verdes são elementos-chave para criar um ambiente atrativo para andar a pé. Sendo necessário, para tal, um forte compromisso das autarquias para implementar ações e medidas que priorizem (o peão) as pessoas.
A Estratégia Nacional para a Mobilidade Ativa Pedonal é apenas o início de um longo caminho. Para que as suas metas sejam atingidas, é necessário um trabalho conjunto da Administração Central e das Autarquias Locais, e também de cada um de nós na adoção do andar a pé como o modo preferencial nas deslocações quotidianas, sempre que isso seja possível.
As cidades devem ser capazes de se adaptar e de responder às necessidades de todos os cidadãos, e os cidadãos devem ser parte ativa desta mudança. Andar a pé não é apenas uma escolha individual, é um contributo para um futuro mais sustentável, mais saudável e mais justo. Todos estão convocados a fazer parte desta transformação. Andar a pé é o caminho para uma mobilidade mais sustentável, sociedades mais humanas e para um futuro mais promissor.
Somos Todos Peões | Everybody Walks.