Andamos a dormir ao volante. E não só...

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A semana nacional tem sido pródiga em animação, infelizmente nem sempre por bons motivos, antes pelo contrário.

À parte as decisões políticas que vão levar - é essa a decisão expectável por parte do Presidente da República na sequência da queda do Governo da AD - a Eleições Legislativas num ano em que há já Autárquicas agendadas e Presidenciais à espreita, duas notícias deveriam ter merecido mais destaque do que tiveram.

Enquanto os comentadores andavam entretidos a analisar a crise política e as suas consequências, a Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP) divulgou um estudo, feito em parceria com a empresa VitalAire, cujas conclusões deveriam ser levadas muito a sério. Após este trabalho ficámos a saber, oficialmente, que a fadiga e a sonolência dos condutores são responsáveis por 30% dos acidentes que ocorrem em Portugal.

E se esse dado, só por si, já é preocupante, o que dizer destes: 9,4% dos condutores ouvidos para o trabalho (foram 1002) reconheceram que já tinham adormecido ao volante, e 33% admitiram ter dirigido em estado de sonolência extrema.

Se o resultado deste trabalho da PRP mostra-nos a forma (má) como se conduz nas estradas nacionais, ainda ficamos com um quadro mais negro ao ver os dados que a Polícia de Segurança Pública (PSP) divulgou ontem num comunicado com o título “Segurança e Prevenção Rodoviária” e centrado nas operações que fez em fevereiro.

Segundo esta força de segurança, no mês passado, em comparação com o período homólogo de 2024, registaram-se mais sete feridos graves, mais um morto, tendo diminuído o número de acidentes, de feridos sem gravidade e do total de feridos. Porém, aumentou 85% o número de contraordenações (23.146 no segundo mês do ano, ou seja uma média de 827 por dia); e foram detetados mais 1952 condutores em excesso de velocidade (4181 no total), ou seja um aumento de 88%.

Outro dado para refletir: os agentes da PSP “apanharam” 580 automobilistas a conduzir enquanto usavam o telemóvel (mais 300 que em fevereiro de 2024).

Perante este retrato do que se passa nas estradas nacionais - recorde-se que a jurisdição da PSP incide só sobre as áreas urbanas -, talvez as questões políticas nacionais não sejam o maior problema para os cidadãos. Temos a Saúde, a Educação, etc. Voltemos ao início: não se pode andar na rua num estado de extrema sonolência...

Editor executivo do Diário de Notícias

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