Amanhã o mundo vai mudar

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1. Amanhã o mundo vai mudar?
É com natural ansiedade que o mundo aguarda pelo desfecho eleitoral nos Estados Unidos, o que decorre do contexto de instabilidade geopolítica crescente a nível global e da desconfiança generalizada em relação aos dois candidatos. Nota-se a preocupação com a evolução da política externa dos EUA, que poderá vir a ser conduzida de forma vincadamente distinta consoante o vencedor das presidenciais.

Se Donald Trump vencer, as diferenças face à situação atual serão mais visíveis, até porque provavelmente contará com grande apoio no Congresso. A Ucrânia poderá ser obrigada a capitular em poucas semanas se a Europa não for capaz ou não quiser ocupar o vazio que Trump criará. Os EUA poderão ser (ainda) mais pragmáticos na sua política de alianças, desprezando o aliado europeu em benefício de objetivos mais imediatos. Provavelmente, a relação com a Rússia e com a China irá alterar-se, mas não com Israel. Trump lidera um “novo” Partido Republicano, que é agora mais trumpista do que há oito anos e que já tem em J. D. Vance um herdeiro. A vitória do antigo presidente mudará o mundo no sentido em que os EUA se poderão tornar num país mais fechado, protecionista e pouco voltado para a cooperação, interessado em valores mas só os dos negócios.

Se Kamala Harris for a próxima presidente, também haverá alterações significativas. A sua agenda é bem mais à esquerda do que a campanha tem dado a entender, orientação que poderá alastrar a nível global, e espera-se uma abordagem de confronto em relação aos “inimigos da democracia”. Também não é o caminho para um mundo mais seguro.

Se é verdade que haverá vida democrática nos EUA após as eleições, porque as suas instituições (ainda) são robustas, a sociedade americana estará muito dividida, a imagem do país mais fragilizada e haverá a sensação de mudança de página.

2. O que esperar da especialidade?
Aprovado o OE 2025, o que poderemos esperar da discussão na especialidade? Bastante ruído e alguma negociação, com certeza, mas não muito mais do que isso. Desde logo porque seria incompreensível que o Partido Socialista voltasse atrás na decisão de viabilizar o Orçamento, boicotando-o através de novas exigências, e o mesmo se poderá dizer da Aliança Democrática, que não tem a ganhar em gerar mais hostilidade. Para boa parte dos portugueses o OE 2025 é um assunto que já está tratado e o partido que voltasse a criar a possibilidade de uma crise política seria, provavelmente, bastante penalizado. Por outro lado, AD e PS têm a mesma visão acerca do essencial: contas públicas responsáveis, ligeiro superavite orçamental e continuar a reduzir o rácio dívida/PIB. A verdadeira linha vermelha é essa: que o OE 2025 possa gerar um excedente e que assim se repita nos próximos anos.

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