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As gigantes tecnológicas andam nos tribunais a tentar saquear os nossos Direitos Constitucionais. E isto que até há 3 anos seria um escândalo de gordas, agora nem sequer passa na TV.

Por estes dias, um tribunal nos EUA manteve uma lei do Texas que impede as grandes empresas de comunicação social de censurar utilizadores com base no "ponto de vista". Ou seja, os juízes interditaram plataformas como o Facebook de castigar ou silenciar os seus utilizadores por delito de opinião. Censura a que muito eufemisticamente chamam "moderação de conteúdos", enquanto passam o lápis azul em conteúdos "preventivamente" (lembra a guerra preventiva de Bush) a pretexto de que tenham "potencial para causar danos".

Adiante. Há uma pequena vitória da liberdade de expressão, do mundo livre, da democracia e dos alicerces iluministas que fundam a nossa civilização, "Ainda há juízes em Berlim", mas o simples facto de estes abutres acharem, bem montados em poderosíssimos escritórios de advogados, que possuem o direito de esbulhar os nossos direitos mostra o perigoso momento que atravessamos.

Certo é que a imposição de uma narrativa única e oficial (orwellianamente intitulada "padrões da comunidade") cuja aceleração eclodiu com a covid e que se faz sentir hoje a granel, é veneno para o nosso modo de vida. Impedir o debate de ideias, o contraditório, o esgrimir de evidências opostas ao pensamento único, procurar o abafamento do pensamento crítico, é uma calamidade para todo o mundo ocidental.

E não vale a pena continuar a justificar esta barbárie com o combate às notícias falsas. Tal não passa de uma máscara, de um intolerável Cavalo de Tróia que nos devorará por dentro. Essa farsa também não colhe face aos factos - atente-se, por exemplo na audição às big tech que cooperaram com o governo de Biden para retirar de circulação os conteúdos não-aprovados. Também Mark Zuckerberg admitiu, numa entrevista, que o Facebook limitou a divulgação de informação relacionada com a apreensão pelo FBI do portátil de Hunter Biden e que o Twitter a terá mesmo rasurado por completo.

Eu própria já estive bloqueada por mostrar um vídeo de 2020 de Filipe Froes num programa televisivo a opor-se veemente às máscaras, mesmo em meio hospitalar. Entretanto, todos nós vamos recorrendo a códigos e palavras truncadas ou a expressões amputadas para escapar aos censores ou experimentando esse condicionamento, esse receio difuso de ser suspenso, bloqueado, eliminado. Até porque (como em muitos regimes despóticos) a arbitrariedade é essencial para disseminar o temor. E passamos a ter mais cautelas, deslizamos para a auto-censura, fazemos o jogo.

Na cobertura jornalística sobre a guerra na Ucrânia, esse unanimismo burro é gritante - como escreve o jornalista Carlos Fino, nos mais variados órgãos de cominação social por todo o globo: "As notícias sucedem-se e repetem-se do mesmo modo e no mesmo viés - como se fossem redigidas por uma redação única", "um samba de uma nota só, onde poucos se fazem ouvir e muitos permanecem sem voz".

Enfim, confirma-se que o fito é apenas garantir que o empobrecimento generalizado em curso é aceite sem resistência. Não mora aqui qualquer defesa do bem comum, mas apenas e tão-só o controlo dos cidadãos, a criação de um mar de submissos e sabujos. Felizes.

Psicóloga clínica.
Escreve de acordo com a antiga ortografia

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