A violência em contexto escolar exige medidas preventivas
A situação recentemente ocorrida numa escola, em que uma criança de 12 anos agrediu com uma faca diversos colegas, tem suscitado reações de alarme em que todos nos questionamos: “Como pode acontecer uma coisa destas?”; “O que leva uma criança a cometer um ato desta natureza, preparando-se antecipadamente para o mesmo?”; “O que fazer agora, perante o facto consumado?”
Estas são questões muito pertinentes, que nos levam a um caminho de reflexão sobre as possíveis motivações de quem agride e sobre o impacto traumático nas vítimas e em todas as pessoas que presenciaram a situação, bem como a respeito da sensação de insegurança e vulnerabilidade que, compreensivelmente, toda a comunidade escolar poderá agora experienciar.
Gostaria, no entanto, de dedicar este artigo à importância das medidas, não remediadoras, mas sim preventivas. Daquelas que devem ser tomadas antes do problema acontecer.
Prevenir a violência - seja em contexto escolar ou outro - implica começar desde muito cedo, em tenra idade, na família, no jardim de infância e nos diversos contextos onde as crianças se movimentam, a desenvolver ações e iniciativas que sejam promotoras de uma cultura pelos direitos. É fundamental que as crianças conheçam aqueles que são os seus direitos e que são, no fundo, também os direitos dos outros. É preciso uma aposta numa cultura de e para os direitos.
Ao mesmo tempo, e nas variadíssimas atividades que as crianças desenvolvem, é fundamental promover competências sociais e emocionais - falamos aqui, por exemplo, de aprender a reconhecer as diferentes emoções (em si e nos outros), a saber regulá-las e expressá-las de modo ajustado, a controlar os impulsos e a resolver divergências e conflitos de um modo assertivo.
Prevenir a violência implica agir local e pensar global, o que significa que todas e quaisquer ações desenvolvidas com crianças e jovens têm necessariamente de ser integradas numa lógica sistémica e holística, envolvendo toda a comunidade. Uma comunidade que se deseja informada e consciencializada para saber prevenir, detetar e agir. E, quando falamos em ação, falamos necessariamente da necessidade de recursos humanos e materiais que permitam o encaminhamento precoce das situações de risco para equipas multidisciplinares especializadas que possam responder de uma forma eficaz e eficiente.
No nosso país é urgente reforçar as políticas e estratégias de natureza preventiva, na área da violência em idade escolar, e não só, que são seguramente o caminho para uma sociedade mais justa, segura e protetora.