Nestes dias em que assinalamos o trágico aniversário da invasão da Ucrânia, todos os corações livres do mundo estão em Kiev. Como estiveram há 62 anos, em Berlim, quando a União Soviética ali mandou construir o Muro da Vergonha..Há um fio condutor entre Berlim em 1961 e Kiev em 2022. Ambas as cidades emergiam como derradeira fronteira da liberdade contra os inimigos das democracias liberais..Por isso, os democratas devem erguer-se contra o belicismo de Moscovo. Sentindo-se também ucranianos. Sentindo-se habitantes de Kiev, Kharkiv, Kherson, Mariupol, Donetsk, Lviv, Odessa, Irpin ou Bucha..Os ucranianos lutam pela soberania nacional exercendo o direito à legítima defesa. Lutam por eles, mas lutam também por nós..Naquelas cidades, vilas e aldeias devastadas pelas bombas russas trava-se um combate decisivo. Também pela nossa liberdade, pela nossa segurança, pelo nosso futuro..Há um ano, o tirano russo mandou invadir a Ucrânia, ocupar Kiev em poucos dias e liquidar os legítimos dirigentes daquele Estado soberano. Em flagrante violação da Carta das Nações Unidas e do direito internacional..Nenhuma dessas metas foi alcançada. Putin falhou..Falhou nos planos militar, político, diplomático e reputacional..Viu a Rússia cada vez mais isolada na ONU. Na mais recente votação, há poucos dias, 141 Estados expressaram apoio à Ucrânia. Numa resolução que apela à retirada das forças invasoras e reivindica uma "paz justa e duradoura", só seis países alinharam com Moscovo, sinal inequívoco do crescente isolamento do Kremlin..Neste ano, Putin viu o eixo euro-atlântico cada vez mais revigorado. A NATO expandiu-se com as anunciadas adesões da Suécia e da Finlândia, que reverteram assim décadas de neutralidade. Viu, acima de tudo, o corajoso povo ucraniano travar-lhe o passo. Mesmo com bombardeamentos incessantes de alvos civis, a quebra das redes de abastecimento e cerca de um terço da população desalojada..Mesmo à custa de chacinas que nos fazem recuar a tempos que julgávamos sepultados nas páginas mais negras de História..Os ucranianos, agredidos pela maior potência nuclear do planeta, resistem com firmeza. Liderados pelo Presidente Volodymyr Zelensky, que merece a nossa homenagem e o nosso reconhecimento..Quando as botas russas se mancharam de sangue, o povo ucraniano resistiu. Sem vacilar. A causa do povo ucraniano é também a nossa causa..Contra aqueles que fazem eco da propaganda de Putin, também em Portugal, quando dizem defender a paz enquanto justificam a guerra..Contra a quinta coluna de Putin na Europa, personificada no primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, que aponta o dedo à União Europeia e à NATO enquanto os russos violam, mutilam e matam..Contra os cúmplices de Moscovo na comunidade internacional. Como o regime totalitário de Teerão, fornecedor de tecnologia e armamento a Putin..Contra os novos Pilatos do falso pacifismo equidistante, que evitam tomar partido entre a liberdade e a barbárie. Como Lula da Silva, na linha do antecessor Jair Bolsonaro. A neutralidade do Brasil nesta guerra é uma vergonhosa capitulação moral e não os coloca do lado da Liberdade..Não podemos permanecer neutros entre quem pratica crimes contra a Humanidade e quem é vítima desses crimes. Nenhuma hesitação é admissível no apoio àquele povo indomável que cuida dos seus feridos e enterra os seus mortos, mas continua a combater. Por eles e por nós..Putin não pode anexar nem um metro de território da Ucrânia..Nestes dias, mais do que nunca, todos os corações do mundo livre proclamam: "Slava Ukraini!". Deputado Iniciativa Liberal. Escreve de acordo com a antiga ortografia