A política serve para servir as pessoas
Comecemos por reconhecer o óbvio: o mundo está cada vez mais instável! Vivemos cercados por guerras nas nossas fronteiras e por outras mais longínquos; estamos à porta de crises políticas e económicas na Alemanha e na França com o potencial de infetar o resto da Europa; vivemos dificuldades cada vez mais profundas nas relações entre a China, os Estados Unidos e a Europa que poderão infetar a prosperidade no mundo; e as alterações climáticas e a revolução digital estão a mudar as nossas vidas de formas que ainda não somos capazes de compreender totalmente.
Neste ambiente desafiante, alguns de nós temos a sorte de viver em democracias, onde podemos escolher livremente quem nos vai representar e trabalhar para criar as condições que nos permitam gerir melhor o que deve ser feito coletivamente, respeitando os nossos direitos individuais e coletivos, protegidos pelo Estado de Direito e pela separação de poderes entre governo, parlamento e tribunais. E livres para dizermos o que pensamos e o que esperamos.
Para darmos as respostas possíveis aos desafios que encontramos pela frente, temos de ser capazes de afastar as nossas crenças e impressões e tentar perceber os factos como eles são e as condicionantes e recursos que temos para agir. E temos que construir as nossas respostas com base no que é e não no que gostaríamos que fosse. Quando Tony Blair foi eleito primeiro-ministro do Reino Unido, depois de décadas de governo conservador, perguntaram-lhe quais seriam os princípios que guiariam as políticas públicas trabalhistas. “O que resultar”, respondeu Blair, ciente que o trabalho do governo é lidar com o que temos pela frente para melhorar a vida de todos nós.
A critica à resposta de Tony Blair é conhecida. Se o papel dos governos democráticos é ser pragmático e fazer “o que resultar”, mais vale eleger uns especialistas sem a coragem das convicções e da ideologia que separa quem defende um maior ou menor papel para o Estado. A essa crítica, os chamados “Centristas Radicais” respondem dizendo que os problemas que enfrentamos exigem utilizarmos todos os instrumentos que dispomos e termos a coragem e a convicção de ir buscar o melhor que a economia de mercado e que as políticas públicas têm para oferecer.
A vida de cada um de nós tem sempre imensos de desafios. O que esperamos de quem nos governa é que seja capaz de perceber o que se passa à nossa volta, identificar as causas dos problemas que enfrentamos, os recursos que temos e condicionantes para os utilizar e que estabeleça as melhores políticas públicas. E, ao mesmo tempo, precisamos mobilizar as forças do mercado e da Sociedade Civil para ajudar a dar as respostas que contribuem para vivermos melhor. O que resultar!