A Paz, esse breve momento entre guerras!

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Na sequência do “haverá alguma mudança, para continuar tudo na mesma”, com que terminei a semana passada, aqui estamos, “a manter”. Agora corredores! O Philadelphi, ao qual todos acrescentamos um “a” e o Netzarim, enquanto razões mais palpáveis para a continuação do impasse.

Em resumo, o que está em causa, de acordo com o que está em cima da mesa, é o controlo israelita destes corredores, nas primeiras seis semanas após o cessar-fogo, ao que o Hamas responde, “mas se ao fim de seis semanas terão de sair, porque é que não saem já”? 

O que é que está aqui em causa, no princípio e no fim?

Exactamente aquilo que nos rege a vida, ganha quem tiver/ficar a/com a última palavra. Uma infância/adolescência saudável, parece-me ser maioritariamente pautada por este braço-de-ferro constante entre filhos e pais, entre irmãos, entre primos/as e namorados/as. “Não gostar de perder, nem a feijões”, é isto! E isto não é uma coisa lá da Palestina, é uma coisa nossa, judaico-cristã. Voilá o princípio! E como o fim tem sempre que ver com o início, no fim descambaram no “olho por olho, dente por dente”, cujos “adeptos da Bíblia”, por motivo de guerras/reformas/liberalismo(s), perceberam que a “égalité” deverá prevalecer perante a perspectiva de destruição colectiva, ou de uma das partes (não é justo, a partir da Doutrina da Guerra Justa, de Santo Agostinho). Por isso, a Europa consolidou-se até ao Cabo da Roca!

Os “adeptos da Torah e do Corão”, no átomo que Palestina/Israel representam, carregam um legado de “desnacionalização e despaizamento”, que “aliviarem a dentada” seria desonrar os antepassados. Não pode haver sentido de “égalité” quando se desconfia da própria sombra!

E o Hamas também justifica a sua postura, começando pela ausência nas negociações, porque desconfia de algo que não diz. Certamente desconfiará que, com Gaza destruída, seguir-se-á a Cisjordânia, de acordo com um plano para acabar com os palestinianos, já que “a Palestina”, há muito não existe enquanto Estado viável!

Negociações a prolongarem-se na próxima semana, este momento é o da paz possível enquanto bombardeamentos e ataques continuam de ambas as partes. O Irão garantiu que ainda “não vai espirrar”, guardando para si a “ditadura do timing” (só assim se consegue garantir a ilusão da “última palavra”), o que obrigará os Ayatollahs a seguirem os telejornais americanos e, entretanto, passaram oito a dez semanas e são as eleições presidenciais! Pergunta, será o Clero iraniano a favor da vitória de uma mulher, ou de um “káfir do elenco dos Marretas”? Esta será a meta. Até lá, termino como comecei, “haverá alguma mudança, para continuar tudo na mesma”!

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Escreve de acordo com a antiga ortografia

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