A invenção do fast food

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Dois filhos pequenos! Eu sei que dois não é uma multidão, o crescimento deles tem-me ensinado que dois afinal não é o dobro de um. É muito mais que isso!

Entre as aulas, o ATL e a música, o hip-hop e o futebol... eles têm de comer. Comer! E se comem! Eu não sei se é só lá em casa, mas os meus comem demasiado.

A semana que passou foi particularmente alarmante no que concerne a comida. Não é que se tenha comido mais, mas percebi de forma quase científica que os meus dois pirralhos parecem dois militares do Exército às ordens de Napoleão, que "marcham sobre o seu próprio estômago", que como dizia o general francês, as guerras não se ganham de barriga vazia. E lá em casa, essa semana em particular, foi uma verdadeira guerra! Uma guerra que se desenrolou na bancada da cozinha, mas que felizmente o tratado de paz foi assinado entre a inovação da comida enlatada criada e a invenção da conservação em plástico.

São mais de 100 anos que separam estas duas inovações, sem as quais, as nossas vidas não seriam o que são hoje. Napoleão lançou o desafio para a conserva de alimentos para as suas tropas estarem sempre com energia, ao qual Nicolás Appert respondeu com sucesso. Já na década de 1940, surge nas nossas vidas, pela mão de Earl Silas Tupper, as embalagens Tupperware.

E acreditem que estes pequenas recipientes, com mais de 100 anos de idade entre si, ganharam especial apreço e importância na minha vida na última semana.

Com a ausência da minha mulher para as reuniões anuais da empresa, retomadas numa série de eventos em contexto pós-covid, ou seja, presencialmente num hotel qualquer longe de casa, de mim, dos filhos e claro... longe do trauma de qualquer pai - fazer lanches, lanchinhos e refeições -, tomámos a decisão, que se revelou um pesadelo, de fazer em casa as comidinhas dos meninos de modo a preparar toda uma semana de refeições. Nada de comida em casa, nada de frangos da churrasqueira. Nada de fast food! Ou melhor... na verdade o conceito de fast food, diria eu, foi inventado por estes (e outros) criadores, que nos deram produtos diferentes com o objetivo de proteger outros produtos de forma duradoura e que, pasmem-se!, se podia comer assim, com o estalar de dedos.

E foi o que fizemos lá em casa, uma espécie de "fast food previamente embalado", e, deixem-me que vos diga, benditos enlatados! E abençoados plásticos que me garantiram uma semana (mais ou menos) tranquila, pois os meus dois militares não só não emagreceram, como pouco ou nada reclamaram. Missão cumprida!

Designer e diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia

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