A grande desistência
Joe Biden concluiu finalmente que o idadismo não era apenas algo vindo dos republicanos ou das teorias da conspiração. Depois de (demasiadas) semanas, abdicou da sua recandidatura a Presidente dos EUA. A partir de agora, e até à convenção democrata, que se torna muito mais importante como oportunidade de falar aos americanos, será preciso reunir forças em torno de um projeto comum.
Tudo aponta para que Kamala Harris já tenha assegurado a nomeação. Ao contrário da perceção geral na Europa, é uma candidata bem conhecida pelos americanos - fator que, dada a proximidade com o ato eleitoral, considero fundamental. Foi também audaz nas suas primeiras declarações públicas, apontando baterias ao bully Trump e às suas condenações criminais.
Ainda assim, Kamala Harris não é uma candidata sem fragilidades. A suposta ausência de uma ligação forte com o Presidente Biden ao longo do mandato. O desempenho ineficaz na gestão da fronteira a Sul, que lhe tinha sido delegada pelo presidente.
Trump, pelas suas características, já escolheu voltar a ser o candidato divisivo e dos ódios, esquecendo rapidamente o apelo à união. É o mesmo que conhecemos, não outro. Não há assessores de imprensa ou eventos traumáticos que mudem a natureza de quem prometeu um banho de sangue se perdesse as eleições. Este é Donald Trump, gostem ou não.
O jogo recomeça agora e Trump parte à frente para esta contenda, apesar de muito tempo faltar até novembro. Kamala começou com uma afirmação forte, mas será suficiente para conseguir a Presidência?
As grandes empresas americanas parecem gostar da ideia de uma nova Administração Trump. Preferem os efeitos imediatos do corte de impostos às grandes empresas, mesmo confrontados com os efeitos de longo prazo de uma longa guerra comercial no mundo e de uma América isolacionista. Kamala Harris já escolheu dar prioridade às classes médias.
O mundo em geral e, desde logo, a Europa têm muitas razões para estar preocupados. Trump acentuará a trajetória para um mundo cada vez mais dividido, onde a desgraça do próximo lhe é alheia. Estará a Europa preparada para um novo mundo, mais isolado e em confrontação? Será o Velho Continente, onde os últimos 75 anos foram de paz e multilateralismo, capaz de se reinventar e fortalecer, ainda por cima sem o Reino Unido?
Primeiro, a palavra aos americanos. Depois, é a nossa vez. Talvez de uma vez por todas sejamos capazes de não ficar sempre na dependência de uma democracia que afinal não é assim tão sólida. Na certeza de que o fim da história foi manifestamente exagerado.
17 valores: João Almeida e Nuno Borges
Outra vez feitos notáveis no desporto. Esta semana os nossos melhores, no ciclismo e no ténis, trouxeram novamente o orgulho a Portugal. A seguir, seguem-se os Jogos Olímpicos. Semanas de celebração e abnegação dos portugueses. Vamos a isto!