A criptoeconomia no debate eleitoral

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Chegados a 2022, a criptoeconomia conseguiu finalmente encontrar espaço na agenda político-partidária. Encontramos os conceitos "blockchain", "cadeia de blocos", "cripto ativos", "criptomoedas", "NFTs", "DeFi" e "DAOs" nos programas do BE, IL, Livre, PS e PSD. Nos restantes não há lugar para esta terminologia.

Quem ande atento a este ecossistema, e siga o impacto da 4ª Revolução Industrial no mundo do trabalho, da indústria, dos negócios, da sociedade, das instituições ou dos Estados, há muito entendeu que a criptoeconomia e a tecnologia blockchain já não são emergentes nem disruptivas. Elas são o presente de múltiplos setores. De instituições financeiras, consultoras, corporações e multinacionais, startups, indústria automóvel, farmacêutica, jogos e artes, agroalimentar, grande logística ou retalho. Da UE, ONU, governos ou administrações públicas.

A criptoeconomia encontra-se hoje em todos os setores da economia e da sociedade, assumindo-se como um dos pilares da Indústria 4.0, como o futuro dos serviços financeiros e de pagamentos e da finança descentralizada (DeFi). Como fator que revolucionou diversos mercados e setores ao introduzir elementos diferenciadores para promotores e para consumidores.

É a tecnologia blockchain e a criptoeconomia que está na génese da Web3, descentralizada e com base na autogestão identitária, dos "smart contracts" e NFTs, do metaverso e dos novos sistemas de governança das DAOs (Decentralized Autonomous Organizations) que irão revolucionar a forma como as organizações, empresas e instituições poderão ser geridas num futuro tokenizado, participativo e descentralizado, sem controlo central ou hierarquizado.

A blockchain já não pode ser considerada uma tecnologia disruptiva, anarco-libertária. Nem a criptoeconomia só associada à burla e à dark web, mas antes considerada peça fundacional e infraestrutura-base da indústria 4.0. A criptoeconomia deve ser alicerce de qualquer programa político e económico de desenvolvimento assente nas tendências digitais de sustentabilidade e nas tecnologias do futuro (IA, Realidade Aumentada e Virtual, "Machine Learning", robótica, computação quântica, etc).

Neste sentido, os temas da criptoeconomia deveriam ter sido detalhados pelos partidos políticos que aspiram a governar Portugal, nomeadamente no que respeita aos apoios ao seu desenvolvimento e inovação e aos aspetos regulatórios e enquadramento jurídico e tributário.

É fundamental incrementar o nível de literacia financeira, qualificando a cidadania digital com os conceitos da criptoeconomia. É necessário continuar os grupos de trabalho com representantes do ecossistema, academia, administração pública e Governo que elaborem uma estratégia blockchain para o país que seja a base de futuras políticas. É fundamental, por exemplo, identificar e implementar projetos em áreas como a certificação e transparência, a garantia de proveniência ou a criação de gémeos digitais.

Mais do que linhas em programas eleitorais, ou anúncios de intenções, serão necessárias ações concretas para atrair e fixar talento e investimento nestas áreas. Somente através de uma melhor compreensão das oportunidades - atuais e futuras - que giram em torno da criptoeconomia será possível, não somente desmistificar os seus mitos e mal-entendidos, como concentrar a atenção onde ela deve estar: na qualificação e aposta no desenvolvimento de habilitações e projetos que criem novas valências, emprego e riqueza para o país. O crescimento e a qualificação passam pela criptoeconomia.

Artur Goulão Ferreira, Exclusible

Bruno Almeida

Carolina Marçalo, Deepsquare Advisor

Catarina Reis, I. Politécnico Leiria

Dinis Guarda, Ztudium

Fred Antunes, Associação Portuguesa Blockchain e Criptomoedas

Gonçalo Sá, ConsenSys Diligence

Guido Santos, Genesis Studio

Guilherme Canedo Correia, ISG

Guilherme Maia, Atmos Galaxy

Henrique Corrêa da Silva, Privus

Hugo Oliveira, Instituto New Economy

João Antunes, IntellectEU

João Fernandes, Bright Pixel

João Gil Figueira, GFDL Advogados

Jorge Silva Martins, CS Associados

José Faísca, U. Lusófona

José Reis Santos, Fibree

Luís Engrossa, ICNF

Marco Carvalho, Blockchain Lead​ ​Celfocus

Maria Luísa Aldim, Union Venture Builders

Mário Ribeiro Alves, Taikai

Martinho Lucas Pires, U. Católica

Nuno Cortesão, Zharta

Nuno da Silva Vieira, Antas da Cunha

Nuno Lima da Luz, Cuatrecasas

Paulo Cardoso do Amaral, U. Católica

Pedro Borges, Cripto Loja

Pedro Febrero, RealFevr

Pedro Oliveira, Talent Protocol

Ricardo Correia, Gênesis Studio

Rui Serapicos, Aliança Portuguesa Blockchain

Simão Cruz, Lightshift

Tiago Dias, Unlock.it

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