A bazófia da ministra da Saúde tramou Montenegro!

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O Presidente da República enganou-se na hora e chegou 20 minutos mais cedo ao Hospital de Santa Maria para a inauguração. Enganou-se! E por isso teve que andar nas imediações do hospital a ouvir doentes. Seria um interessante acto se isso não fosse provável que tivesse sido, subtilmente, premeditado com o intuito de ter uma câmara de televisão atrás. A Saúde está debaixo de fogo, e provavelmente Marcelo lembrou-se de Pedrógão e de que poderá almejar uma oportunidade colocar-se do lado dos pobres portugueses, tudo em busca de uma unanimidade perdida; e pressionar, mesmo que silenciosamente, o Governo num momento muito crítico.

Montenegro, respondeu-lhe na hora com uma enorme indelicadeza protocolar, deixando-o para trás em quase toda a visita. É triste ver Marcelo reduzido à segunda linha de uma visita oficial e protocolar; a aparecer com a cabecinha por detrás do ombro do primeiro-ministro, tendo do ministro das Finanças a fazer pandã do outro lado.

Claro que se vingou no final, falando longos minutos, puxando a si o protagonismo e dizendo que quer fazer mais visitas a hospitais. Quer estar presente. Quer contar.

Montenegro, nas suas declarações, acusou os jornalistas de criarem factos políticos com “efabulações”, como a visita do Presidente “a pedido” para o salvar. Mas na realidade Montenegro precisa de muita ajuda neste momento, e o Presidente veio dar-lhe colinho. E declarou-o publicamente (literalmente, usando a palavra “colinho” e tudo!).

Não há como diluir a responsabilidade de um momento de crise com muitos protagonistas políticos numa sala. O Serviço Nacional de Saúde está debaixo de fogo. Esteve-o até as eleições - porque foi instrumentalizado pela oposição em campanha por todos os partidos -, e voltou agora a estar debaixo de fogo numa situação completamente expectável: Ninguém “força a demitir-se o cérebro do sistema” antes de uma gigantesca prova de esforço como são as férias do Verão!

O PSD de Montenegro prometeu resolver os problemas da saúde, milagrosamente!, em 60 dias. Montenegro, acreditou na bazofia da sua ministra da Saúde, Ana Paula Martins; que prometia uma nova atitude e muita, mas mesmo muita, acção. Só que a ministra falou demais. Manteve-se sempre numa atitude intransigente. Incompatibilizou-se muito e com muitos. E sobretudo, parecia bastante errática nas suas decisões.

E o pior, deu cabo de uma das poucas reformas (tardia!) do Governo anterior: A criação do cargo de CEO do Serviço Nacional de Saúde. Forçando à demissão Fernando Araújo (que, inclusive, a tinha nomeado para o Hospital de Santa Maria).

Fernando Araújo, aclarou tudo num texto no Jornal Expresso, afirmando que há uma enorme diferença entre liderança e ser apenas um chefe autoritário. Para bom entendedor meia palavra basta!

A nossa maior tragédia é que, esta reforma fazia todo o sentido: criar um cargo executivo, não político, com um especialista reputado na área da saúde que pudesse fazer reformas e in loco resolver os problemas mergulhando as mãos na massa. Alguém que não precisasse de sair com o fim de mandato de cada governo e que pudesse garantir a continuidade de medidas de gestão e reformas.

Ao despedir Fernando Araújo - sim, porque forçar uma demissão é despedir -, recorreu-se a um militar, ao estilo pandémico, que de fato-macaco resolvesse os problemas com mão de ferro. Qualquer dia parecemos a Venezuela com tantos militares vestidos de salvadores em lugares civis!

E aqui estamos nós nesta situação caricata, perigosa, com um cocktail molotov servido num Verão de alto risco!

Como é evidente, o Governo e a ministra está debaixo de fogo! Resta o passa culpas entre o Governo e os diferentes partidos com assento na Assembleia da República, todos a culpar-se mutuamente. Muitos pedem a demissão da ministra… E não é que não merecesse, mas nesta altura, tal seria deitar gasolina numa enorme fogueira!

Por isso, quando se está em crise, faz-se uma inauguração!  Prometem-se coisas. Até parece que em 60 dias Montenegro construiu uma nova ala hospitalar para as grávidas e para o Serviço de Oncologia.

Montenegro, neste evento televisionado, levou o Presidente da República de chapreron e os seus dois ministros com chumbos na asa… Finanças e Saúde. Porque nada lava mais branco do que a inauguração de coisas!

Na espuma dos dias, com as guerras desta gente, com o populismo instalado, ninguém fala em, finalmente, realizar um Pacto de Regime para a Saúde. E em arranjar uma figura consensual que fique à frente do SNS que possa levar as medidas necessárias a bom porto independente da cor política vigente.
Continuem pois a fazer as vossas guerras, e depois queixem-se da Saúde da nossa Democracia e… do Chega!

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