71 Vozes pela Internacionalização: lançado em Junho de 2025*

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Portugal é uma economia pequena, aberta e vulnerável, encontrando na internacionalização uma condição de sobrevivência e um motor de desenvolvimento. Ao longo das últimas décadas, o país evoluiu de uma economia periférica para um ator relevante em determinados segmentos globais. Esta transformação assentou em vários termos e drivers estratégicos fundamentais, que importa destacar:

1. Abertura e Escala

Num mercado interno reduzido, a internacionalização não é uma opção – é uma necessidade. A abertura ao exterior tornou-se o único caminho para alcançar escala, diluir riscos e diversificar mercados. O pequeno tamanho do país obriga a uma projeção externa constante, seja através de exportações, investimento direto ou talento.

2. Qualidade, Inovação e Sustentabilidade

Os setores mais bem-sucedidos na internacionalização (como o têxtil, calçado, mobiliário, construção e tecnologia) assentam numa proposta clara: produtos de qualidade, com inovação constante e compromissos de sustentabilidade. O "Made in Portugal" transformou-se num selo de confiança em mercados exigentes como a Europa e os EUA.

3. Talento e Formação

O talento é um driver crítico. Programas como o Inov Contacto foram estruturantes ao criar uma geração com competências internacionais. Hoje, o país destaca-se também como exportador de talento tecnológico, com milhares de profissionais a trabalharem remotamente para o exterior – uma nova forma de exportação. As universidades, e deixem-me puxar a brasa à minha sardinha, as escolas de gestão presentes em rankings globais têm tido um papel decisivo neste processo de atração do nosso talento.

4. Hub Tecnológico e Geoestratégia

Portugal posiciona-se como plataforma tecnológica entre continentes. A qualidade dos recursos humanos, a fluência em línguas, a segurança e o clima são fatores que sustentam o país como hub atlântico para serviços digitais, centros de competência e operações globais.

5. Diplomacia Económica e Marca Portugal

A internacionalização exige mais do que bons produtos – requer presença, diplomacia económica e construção de marca. E estes são os elementos em falta. A afirmação da Marca Portugal e da diplomacia económica (que deve ser intensa), tem de assentar em elementos como inovação, cultura, responsabilidade e confiabilidade. Inovação é só o termo mais usado em toda a obra. A diplomacia moderna deve trabalhar com empresas, universidades, clusters e comunidades portuguesas no estrangeiro. Para refletirmos.

6. Estratégia Própria e Presença Direta

Casos como o do Esporão mostram que criar estruturas próprias no estrangeiro pode ser mais sustentável do que atuar via intermediários. A presença direta permite controlo, conhecimento de mercado e fidelização de clientes – pilares de um crescimento internacional robusto.

7. Redes e Parcerias

As empresas de sucesso tendem a construir redes internacionais e parcerias locais. Seja na construção (ex. Grupo Casais), seja no setor têxtil, a adaptação cultural e o conhecimento local fazem a diferença.

Assim, a internacionalização é, como várias vozes se afirma nesta obra, um imperativo nacional. Mais do que exportar produtos, trata-se de exportar valor, competências, conhecimento e identidade. Portugal tem o talento, os setores estratégicos e o histórico para o fazer – falta-lhe, por vezes, ambição coletiva e visão de longo prazo.

O futuro – e ficam os alertas destas 71 Vozes pela Internacionalização – passa por investir em diplomacia económica, reforçar a marca-país, atrair e reter talento e continuar a apoiar os que ousam ir além-fronteiras. A economia portuguesa só será verdadeiramente resiliente se for profundamente internacional.

*À venda a preço simbólico nas livrarias, fruto do serviço público que a ele se associa.

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