505 dias depois, Gilad abraçou o filho Tal

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"É a vez do testemunho de Gilad , pai de Tal Shoham,  de 38 anos, que foi sequestrado no kibutz Be’eri. A família vive no norte de Israel, mas por causa do feriado do Simchat Torá estavam de visita ao kibutz vizinho de Gaza. 'Quando começaram os disparos levou todos para o quarto seguro. Falei com ele pelo telefone. Disse-me que havia terroristas por todo o lado. Disse-lhe para não se preocupar, que o exército devia estar a chegar. Só chegou muito mais tarde. Havia milhares de palestinianos de Gaza a trabalhar em Israel. Dançaram nas ruas no 7 de Outubro. Não posso confiar mais. Levaram o meu filho, a minha nora e as crianças. Felizmente Adi, Naveh e Yahel foram libertadas, mas e Tal? Quero o meu filho de volta' diz. E acrescenta: 'o nosso primeiro-ministro falhou. O governo falhou. São quase nove meses de guerra. Cheguem a um acordo de paz. Libertem os reféns. Reconstruam Gaza para os palestinianos. Mas tragam o meu filho'".

Tal Shoham foi hoje libertado, para grande alegria do pai e do resto da família, muitos meses depois de uma reportagem minha publicada a 5 de julho de 2024, uma conversa num sexto andar de um edifício do centro de Telavive que serve de quartel-general para aqueles que continuam a tentar tudo para que os reféns levados a 7 de outubro de 2023 para Gaza não sejam esquecidos. Inicialmente eram mais de 230, agora cerca de 60 continuam cativos do Hamas e outros grupos palestinianos, sendo que vários estarão mortos, segundo as autoridades israelitas. 

Gilad Shoham, em meados de 2024, com um cartaz a apelar à libertação de Tal.
Gilad Shoham, em meados de 2024, com um cartaz a apelar à libertação de Tal.

O acordo de paz de que falava Gilad Shoham não aconteceu ainda, apenas um cessar-fogo. Nem a reconstrução de Gaza está em curso. Mas a alegria do reencontro 505 dias depois com o filho sim, e uma foto de todos juntos foi já divulgada. 

Nesse dia, em que, além de Gilad Shoham, conversei também com Fernando Har, um dos raros reféns que foi libertado nas operações do exército, encontrei igualmente dois outros familiares de israelitas sequestrados no ataque de Hamas a Israel, desesperados por nada saberem. Noam, estudante de Direito, neta do refém mais velho, Shlomo Mansour, de 86 anos, soube, entretanto, que o avô estava morto desde o 7 de Outubro, tendo mesmo assim sido levado para Gaza. Já Dani Miran, pai de Omri, continua à espera. Um dos reféns libertados durante o atual cessar-fogo disse ter estado com Omri no verão passado, quando partilhavam o local de cativeiro em Gaza até serem separados. Foi há muitos meses, mas permite à família Miran ter esperança e sonhar com a alegria que agora tiveram os Shoham. 

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