OCP. Esta orquestra está em forma e recomenda-se

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Para não desperdiçar o tempo em que a orquestra se concentrava, afinava e aquecia os instrumentos, Pedro Carneiro, 36 anos, teve uma ideia: a Orquestra de Câmara Portuguesa, orquestra privada nacional e a única com um preparador físico que antecipa os ensaios.

As seis horas de ensaios, explica o maestro, começam com exercícios de concentração e relaxamento. "Ensaiamos muitíssimo mais do que qualquer orquestra. Demo-nos conta de que as pessoas tinham a

oportunidade de ter situação intelectual e física muito diferente

e mais vantajosa. Sem instrumentos. No fundo, criaram-se laços

pessoais muito importantes, chega mais sangue ao cérebro e as

pessoas tocam melhor. Há uma série de coisas que se podem fazer

numa área que é normalmente conservadora e temos aqui a

oportunidade de mudar as regras. Há um potencial enorme para fazer

coisas diferentes", explica Pedro Carneiro, maestro da primeira orquestra privada em Portugal.

Isso mesmo. É que, desde que Pedro Carneiro criou a OCP, em 2007, a identidade da orquestra foi-se construindo à medida das necessidades e do crescimento natural de uma organização artística deste tipo. "O primeiro instrumento que toquei foi a orquestra", graceja. Aos contratos anuais com o CCB - que ocupam algumas semanas por ano à OCP - a orquestra tem outros trabalhos temporais que ocupam os cerca de 34 músicos freelancer que trabalham no conjunto. E que, normalmente, não se cruzam.

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O nosso trabalho não é

um laboratório de pesquisa, as orquestras trabalham de forma muito

próxima, a música é algo físico, o instrumentista relaciona-se

com uma máquina, que é o instrumento.e daí surgiu a ideia de uma

orquestra que tem um preparador físico, mudou radicalmente.", garante o maestro.

Só que, como em qualquer organização - entenda-se, "empresa" - o lucro é fundamental para que as coisas consigam financiar-se e...sobreviver. Não basta, por isso, o desejo de querer dar a oportunidade de mostrar novos talentos, dar a conhecer músicos jovens e desconhecidos e dar espaço a espectáculos que, noutras circunstâncias, nunca seriam levados a cabo. Por todas essas razões, Pedro Carneiro procurou uma alternativa. Apresentou "atabalhoadamente" o projecto da OCP à consultora Everis que analisou, dentro dos projectos de responsabilidade social. Brandão de Vasconcelos, CEO da Everis, não tardou em alinhar no projecto e traçou, juntamente com Pedro Carneiro, um plano a quatro anos de reposicionamento da marca "OCP".

"O que o Pedro tem que

fazer é atrair e reter talento, manter o talento motivado. A atracção e motivação de talento é, também, o

que nós fazemos. Retê-lo dentro da companhia. Há muita segurança

e motivação, um ensaio é uma aula de motivação de pessoas. É

interessante a forma como as pessoas são motivadas", analisa Brandão de Vasconcelos, comparando a orquestra a uma outra qualquer organização empresarial.

Com um investimento de 75 mil euros, a Everis avaliou a situação da OCP e tratou de caracterizá-la, de maneira a poder potenciar todas as qualidades. Um processo que foi complicado mas que oferece a possibilidade de tornar a orquestra um prestador de serviços para além dos mais clássicos e óbvios como concertos em grandes salas.

Até 2014 - data limite de concretização do plano - a OCP quer tornar-se apetecível a eventos como festas de empresas, tal como seria um espectáculo de música de outro tipo. "A ideia é tonar a OCP um

projecto sustentável.", sublinha o maestro. Porque, segundo Pedro Carneiro, "dirigir uma orquestra não é, de todo, o mais entusiasmante. O mais entusiasmante é conseguir soltar o potencial monstruoso que há dentro de cada pessoa. Sentir que, de repente e contaminando as pessoas, através de metáforas...como 'tocar a passagem tal com mel', tentar perceber como é que as pessoas funcionam e tentar esse tal potencial incrível individual".

A OCP acaba por ser muito mais do que uma orquestra: "Tem projectos sociais, e é importante que a orquestra viva e saiba viver no espaço em que está incluída.Queríamos um projecto que mostrasse o que Portugal tem de melhor mas contribuindo para a sociedade civil e para comunidades concretas.", conclui o maestro.

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