Xerife junta-se aos protestos: "Queremos estar ao vosso lado"
Flint é conhecida por ser o berço da General Motors, pela sua decadência e falência (tal como a maior cidade do estado, Detroit) e pelo escândalo de água pública contaminada com chumbo, que eclodiu em 2014 e está ainda por resolver. A cidade foi agora notícia pelo facto de o xerife se ter juntado aos manifestantes que protestam contra a violência e o racismo da polícia.
O vídeo do xerife do condado de Genesee Christopher Swanson, depois de ter tirado o capacete e deixado o bastão de lado tornou-se viral.
Swanson falou com os manifestantes que tinham bloqueado uma estrada antes de decidir juntar-se a eles na sua marcha. Referindo-se ao ex-polícia de Minneapolis Derek Chauvin, agora acusado do assassínio de Floyd, disse: "Aquele tipo não é um de nós. Nem pensem por um segundo que ele nos representa."
Swanson anunciou que tinha retirado as proteções e que ele e os restantes colegas estavam do lado dos cidadãos. "Queremos estar do vosso lado, a sério." Depois disse que queria que o ajuntamento fosse uma marcha e não um protesto. "O que precisam que nós façamos?", perguntou, ao que ouviu "Marcha connosco". E assim foi, Swanson e os colegas juntaram-se aos manifestantes num cortejo pacífico.
"É assim que deve ser, a polícia a trabalhar com a comunidade. Quando vemos injustiça recorremos à polícia e à comunidade. Tudo o que tínhamos de fazer era falar com eles, e agora estamos a caminhar com eles", comentou o xerife.
Ao Today, Swanson comentou a sua escolha em baixar as armas. "Foi provavelmente a pior decisão tática que pude tomar, tirar toda a minha proteção e entrar no meio da multidão, mas o benefício superou de longe o risco", disse. "Não estou a tentar ser um macho ou um herói, apenas vos digo que essa foi a melhor decisão para mostrar que não ia criar divisão, ia mostrar vulnerabilidade e andar na multidão e dar o primeiro passo."
Para Swanson é altura de passar das palavras aos atos. "Toda a gente fala de mudança. A mudança surge com a ação. Tenho de acreditar que há pessoas nestas comunidades que querem a paz e querem medidas.Tem de haver um primeiro gesto, tem de haver um primeiro passo, e isso tem de vir de ambos os lados."
A decisão do xerife de dialogar e mostrar solidariedade foi um caso raro num país que vive dias de manifestações e tumultos. Mas não foi caso único.
Em Portland, polícias ajoelharam-se a pedido dos manifestantes; em Nova Jérsia agentes juntaram-se também a uma marcha; e em Coral Gables, Florida, não só se ajoelharam como fizeram uma oração.