Chipre vende cidadania a milionários russos e ucranianos
Se em Portugal a Autorização de Residência para Atividade de Investimento (o nome oficial para os vistos gold) atrai sobretudo chineses (e brasileiros), em Chipre o programa similar é procurado sobretudo por milionários russos e oligarcas ucranianos. O programa já rendeu aos cofres do Estado da ilha mediterrânica cerca de 4 mil milhões de euros desde 2013, revelou o jornal Guardian, que teve acesso à lista das pessoas que obtiveram a cidadania cipriota.
Nada mau para um país com cerca de um milhão de habitantes. Em Portugal, o programa similar captou, desde 2012, 3,2 mil milhões de euros, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Mas o negócio na república cipriota demonstra que há na lista de vistos concedidos pessoas de idoneidade questionável. Um jogador bilionário, um antigo deputado russo, os fundadores do maior banco comercial da Ucrânia e o colecionador de arte russo Dmitry Rybolovlev são alguns dos novos cipriotas.
Rybolovlev, que comprou em 2008 uma casa em Palm Beach a Donald Trump (e que negou ter-se encontrado com o norte-americano durante a campanha presidencial), transmitiu através de um porta-voz que a cidadania cipriota foi algo de "natural" após ter "investido no Banco de Chipre".
Para adquirir um visto gold cipriota, o candidato tem de investir dois milhões de euros em imobiliário ou 2,5 milhões em títulos do tesouro ou em negócios. Não há qualquer outra exigência, exceto uma visita ao país de sete em sete anos.
"Todos os países que oferecem vistos gold devem certificar-se de que a atração do investimento não significa o fim de certos valores. Isto significa garantir controlos apertados aos candidatos e um processo com salvaguardas. Sem isto, corre-se o risco de se oferecer um 'cartão livre de prisão' para os corruptos e criminosos", lê-se num comunicado da organização anticorrupção Global Witness.