Vídeo falso mostra Trump a disparar contra jornalistas e rivais políticos
É, no mínimo, perturbador, mesmo sabendo que se trata de um vídeo falso. As imagens terão sido vistas este fim de semana durante uma reunião de apoiantes de Donald Trump no resort do presidente, em Miami, de acordo com o The New York Times, e estão a gerar controvérsia.
Uma cena violenta de um filme, o Kingsman: Serviços Secretos, foi alterada e no lugar de um dos protagonistas está a cara de Trump, que "aparece", então, numa igreja a disparar e a esfaquear pessoas de empresas de media e adversários políticos.
Já há quem chame macabro ao vídeo polémico que está a chocar jornalistas e que tem como figura central o presidente dos EUA, alvo de um processo de destituição (impeachment) por alegada pressão à Ucrânia para investigar Joe Biden, candidato à nomeação democrata para as presidenciais 2020.
Entre os alvos do falso Trump estão CNN, Politico, BBC, The Guardian, Hillary Clinton, Bernie Sanders, Barack Obama e até o senador John McCain, já falecido. Estão numa igreja, descrita no vídeo como uma "Igreja de falsas notícias".
O New York Times escreve que o vídeo foi transmitido durante uma conferência de três dias no resort Trump National Doral, em Miami, onde estiveram reunidos apoiantes do presidente norte-americano. O evento, promovido pela American Priority, inclui o logótipo da candidatura à reeleição de Trump nas eleições presidenciais 2020.
As imagens, que, apesar de manipuladas, estão a gerar polémica, levaram a CNN a emitir uma declaração este fim de semana. "Infelizmente, não é a primeira vez que apoiantes do presidente promovem a violência contra os media num vídeo que aparentemente acham divertido - mas é de longe a pior. As imagens reveladas são vis e horríveis", declarou a estação de televisão.
A CNN exige, por isso, que "o presidente e a sua família, a Casa Branca e a campanha de Trump" denunciem esta situação "nos termos mais fortes possíveis. Qualquer coisa menos que isto equivale a um apelo tácito da violência e não deve ser tolerado por ninguém", refere a estação, em comunicado.
A Associação de Correspondentes da Casa Branca reagiu à polémica dizendo que "todos os americanos devem condenar esta representação de violência direcionada aos jornalistas". A associação diz mesmo que está "horrorizada" com o vídeo.
De acordo com Stephanie Grisham, a porta-voz da Casa Branca, o presidente dos EUA ainda não viu o vídeo, mas com base nas informações já reveladas sobre o conteúdo do mesmo "ele condena veementemente o vídeo"
"O vídeo não foi produzido pela campanha e não toleramos violência", afirmou Tim Murtaugh, porta-voz da campanha eleitoral de Donald Trump.
Os promotores do evento com apoiantes de Trump também se desmarcam da situação ao afirmarem que "um vídeo não autorizado" foi mostrado numa sala do resort do presidente durante a conferência, mas, garantem, "não foi aprovado, visto ou sancionado" pelos organizadores do evento do fim de semana passado.
"A American Priority sempre condenou e sempre condenará a violência política", referiu Alex Phillips, responsável pela organização da conferência, em comunicado. Os responsáveis pelo vídeo não foram, no entanto, revelados.