Unicef alerta para fome e doenças no Burundi
De acordo com as Nações Unidas, desde que o presidente Pierre Nkurunziza foi eleito para um terceiro mandato no Burundi, cerca de 500 pessoas perderam a vida e outras 250 mil fugiram para países vizinhos. A organização indica também que está a investigar alegações de violações em grupo e denuncias de desaparecimentos.
Na terça-feira, o governo proibiu a circulação de motociclos no centro da capital, Bujumbura, depois de granadas terem sido lançadas por homens de mota.
O Burundi é um dois países mais pobres do mundo. VIktor Nylund, representante da Unicef no país, alerta que o novo surto de violência está a destruir várias instituições do país e aumenta o risco de este perder os apoios internacionais dos quais depende para a subsistência da população.
"O que vemos na área da saúde, que depende 58% de doações estrangeiras, é que existem falhas no sistema, a começar por medicamentos essenciais", disse Nylund ao jornal The Guardian. "As crianças não têm o que comer e quando vão para a escola os professores não as querem lá porque estas não se conseguem concentrar. Existe também uma grande escassez de materiais escolares", acrescentou.
A oposição considerou a terceira tomada de posse do presidente Nkurunziza uma violação do acordo de paz que ajudou a acabar com a guerra civil no país (1993-2005). Existe agora o receio que a agitação política no Burundi possa dar origem a um novo conflito étnico como o que levou ao genocídio do Ruanda em 1994.
Em apenas 100 dias, o genocídio do Ruanda tirou a vida a cerca de 800 mil pessoas. Um massacre organizado por extremistas hutus contra membros da comunidade minoritária tutsi e contra hutus moderados.
Entretanto, a Unicef alerta para a hipótese de o Burundi caminhar no mesmo sentido. O conflito político, má nutrição e surtos de cólera e malária ameaçam arrastar a nação para uma crise em grande escala que se poderá estender aos países vizinhos.