Pressionados pelas revelações da investigação jornalística aos chamados Papeis do Panamá, os ministros das Finanças da União Europeia vão debater a fuga ao fisco e branqueamento de capitais, na reunião agendada para 22 de abril..A presidência da União Europeia e a Comissão exigem uma resposta concertada entre os 28, para uma lista comum de paraísos fiscais. O comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, disse ontem que quer que essa lista esteja pronta "em seis meses"."Precisamos de uma verdadeira lista europeia, assente em critérios comuns", defendeu o comissário, exigindo aos países que "concordem numa metodologia comum" para a elaboração da referida lista..O governo holandês, que assume a presidência rotativa da União Europeia, no primeiro semestres de 2016, considera igualmente que o tema merece uma abordagem comum e já se dirigiu à Comissão a solicitar linhas orientadoras "política" que possa ser debatidas na reunião dos ministros das Finanças do Ecofin..Ontem, o ministro holandês das Finanças, Jeroen Dijsselbloem, que é também presidente do Eurogrupo, e este semestre preside ainda aos encontros do Ecofin, dirigiu-se por carta ao comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici e ao comissário do Euro, Valdis Dombrovskis, para que forneçam "uma visão geral sobre as iniciativas [da Comissão] para combater a lavagem de dinheiro, a evasão fiscal e a elisão fiscal", já que tem a intenção de "colocar o tema na agenda" do encontro informal de Amesterdão..[artigo:5112289].O comissário Moscovici, que falava já depois de receber a carta, mostrou-se favorável a uma resposta comum da União Europeia, lamentando que "a opinião pública" esteja a ser "alimentada com estas práticas escandalosas". Por essa razão, considera que "as autoridades têm de aproveitar esta oportunidade para agir", para que os argumentos não caiam "na mão dos populistas"..O comissário manifestou-se "indignado e irritado", com os dados agora revelados, que traz a público casos suspeitos de fugas aos impostos, através da criação de empresas em paraísos fiscais..Moscovici considerou ainda "chocante" que "muitos países" onde estão sediadas as empresas offshore, se recusem a partilhar informação, que permita traçar o rasto do dinheiro. "São quantidades inaceitáveis de dinheiro" que circulam por países que "precisam de ser incluídos numa única lista europeia", defendeu Moscovici..No entanto, o comissário nota que "alguns Estados-membros", na União Europeia têm-se mostrado "reticentes" para agir em relação aos paraísos fiscais. Mas, o francês entende que a lista "tem de ser criada", mostrando-se convencido do efeito positivo que esta terá. "A minha impressão é que quando um pais é colocado na lista, o seu primeiro objetivo é sair", já que fica sujeito a "uma pressão internacional muito forte", à qual será "difícil resistir", considerou Moscovici..Moscovici foi ainda questionado sobre a atmosfera dos debates, sobre os Papeis do Panamá, no colégio de comissários, tendo em conta que um deles, o comissário para a Ação Climática e Energia, Miguel Arias Cañete está associado a um dos nomes da lista..A Comissão está "obrigada a tratar os papéis do Panamá e trabalha no melhor espírito, dentro do Colégio de Comissários, o que naturalmente é amigável", disse o comissário francês, sem dar sinais de desconforto, com o facto da esposa do seu colega espanhol ser sócia de uma das empresas da lista da Mossak Fonseca..Bruxelas