Hillary e Donald Trump são os grandes vencedores da Superterça-feira
Hillary Clinton e Donald Trump foram os grandes vencedores da Superterça-feira das eleições primárias americanas, em que 11 estados votam nos candidatos à corrida à Casa Branca, seja do lado dos eleitores do partido democrata, seja do partido republicano.
Do lado democrata, Clinton é a grande vencedora. Arrecadou mais votos nos estados do Sul, vencendo o grande prémio da noite: o Texas, com o maior número de eleitores. Ganhou ainda o Alabama, o Tennessee, a Virginia, a Georgia, o Arkansas e também o estado mais a norte do Massachusetts.
No seu discurso de vitória, Clinton afirmou: "Sabemos que temos trabalho para fazer, mas esse trabalho não é voltar a tornar a América grande", numa referência ao slogan do rival republicano, Donald Trump. "A América nunca deixou de ser grande. Temos de tornar a América inteira".
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Entre os republicanos, o vencedor claro foi mesmo Donald Trump, que arrecadou as preferências republicanas em seis dos 11 estados que votaram na noite de terça-feira. Levou Alabama, Massachusetts, Tennessee, Georgia, Virginia e Massachusetts. Já no Alaska, onde se esperava que vencesse por uma larga margem no lado republicano, foi ultrapassado por Ted Cruz.
No seu discurso de vitória, em que foi apresentado pelo antigo governador da Nova Jérsia, Chris Christie, Trump também não poupou Clinton, que se afigura como principal candidata à nomeação democrata. "Ela está lá há tanto tempo", disse Trump. "Se ainda não resolveu as coisas até agora, não vai ser nos próximos quatro anos".
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Os perdedores da noite continuam na corrida
Bernie Sanders, o "candidato fenómeno" democrata que faz frente a Hillary no seu partido, venceu Vermont, o seu estado natal, e ficou ainda com o Colorado, Minnesota e Oklahoma, estados mais pequenos do que os estados do Sul em que Hillary o derrotou - nalguns dos quais por uma grande margem. O mapa da agência Associated Press, abaixo, permite visualizar o domínio de Clinton no Sul.
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Ainda é cedo para Sanders desistir da corrida, tendo vencido as primárias no estado do New Hampshire a 9 de fevereiro e agora outros quatro estados, mas fica em grande desvantagem para com Hillary no Sul dos EUA, como já se antecipava por concentrar menos votos junto da população negra. No discurso de vitória no seu estado do Vermont, Sanders, de 74 anos, terminou com um agradecimento pessoal aos eleitores desse estado: "Vocês têm-me suportado".
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Do lado republicano, o campo está mais dividido - ainda há cinco candidatos à nomeação na corrida. Com o impulso da Superterça-feira, Donald Trump consolida a liderança. Próximo mantém-se o candidato Ted Cruz, considerado, como Trump, um dissidente do partido republicano (ou do establishment). Cruz venceu no Texas, o seu estado natal, no Oklahoma e no Alaska.
No mapa abaixo, criado pela agência noticiosa Associated Press, é possível ver que candidatos venceram cada estado onde já houve eleições, faltando apenas o Alaska, que ficou para Cruz, e o Colorado e New Hampshire (cujas eleições foram a 9 de fevereiro), que couberam a Trump.
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Marco Rubio, o candidato considerado mais ligado ao partido e que vem consistentemente em terceiro lugar, venceu apenas num estado: o Minnesota. É a sua primeira vitória nas primárias republicanas.
Restam ainda outros dois candidatos, John Kasich e Ben Carson, que ainda não venceram em nenhum estado. Ao falar aos seus apoiantes, Ted Cruz fez referência a esses candidatos, apelando aos eleitores deles para que se juntem à sua campanha. "Republicanos, juntos temos uma escolha", disse. "Aos candidatos que ainda não venceram um estado, (...) peço-vos que pensem em juntar-se a nós. Àqueles que apoiaram outros candidatos, acolhemos-vos na nossa equipa, juntos como um só".
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O que conta é o número de delegados
As eleições primárias de cada partido - que servem para escolher o candidato a ser apresentado à Casa Branca por cada um dos lados - não se decidem pelos estados vencidos. Cada estado tem um certo número de delegados - dependendo da sua população - que são atribuídos aos candidatos de duas formas: ou proporcionalmente (60% dos votos num determinado estado é igual a 60% dos delegados ganhos) ou na totalidade (o vencedor num estado fica com todos os delegados). O método escolhido depende do estado.
Esses delegados vão depois para a convenção nacional do partido democrata ou republicano para escolher o seu candidato à Casa Branca. Seguem-se a campanha e as eleições nacionais para escolher entre o candidato democrata e o republicano para presidente dos Estados Unidos (pode haver candidatos independentes, embora não seja habitual terem muita visibilidade).
Do lado dos republicanos, um aspirante a vencedor tem de reunir 1237 delegados. Neste momento, com primárias realizadas em 16 de 50 estados, Donald Trump está a frente no número de delegados, com 285. Seguem-se-lhe Ted Cruz com 161 e Marco Rubio com 87, e os outros dois candidatos, Kasich e Carson, somam apenas 33 delegados em conjunto.
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Do lado dos democratas, Hillary Clinton e Bernie Sanders precisam de juntar 2382 delegados para superar o outro na convenção nacional. Com 16 primárias realizadas, Clinton vai à frente com 1001 delegados, enquanto Sanders tem apenas 371. As primárias democratas têm uma particularidade, porém: os superdelegados.
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Os superdelegados são delegados que podem votar como entenderem na convenção nacional, independentemente da percentagem dos votos nos seus estados. Assim, Hillary Clinton tem 1001 delegados dos quais 457 são superdelegados - quando chegarem à convenção nacional, alguns desses 457 podem decidir votar em Sanders. O mesmo se aplica aos 22 superdelegados que Sanders reuniu nas últimas eleições.
As eleições primárias continuam até junho, faltando ainda votar 41 estados e territórios (as eleições primárias incluem territórios que não têm estatuto de estado como Guam, Porto Rico ou as Ilhas Virgens Americanas).
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