Trump nega afirmação presente em rascunho de novo livro de Bolton
Ex-conselheiro de Segurança Nacional escreve, segundo o jornal 'The New York Times', que o presidente fez depender a ajuda militar à Ucrânia da investigação aos Biden. Democratas aproveitam para voltar a exigir que Bolton testemunhe no julgamento de 'impeachment'.
O presidente norte-americano, Donald Trump, negou esta segunda-feira ter dito ao seu ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton que a ajuda militar à Ucrânia estava dependente da investigação de Kiev aos seus rivais políticos.
Relacionados
As mensagens de Trump no Twitter foram escritas depois de o The New York Times revelar, no domingo à noite, que esta indicação surge num rascunho do próximo livro de Bolton, ao qual o jornal teve acesso.
"Eu NUNCA disse ao John Bolton que a ajuda à Ucrânia estava ligada às investigações aos democratas, incluindo os Biden. De facto, ele nunca se queixou disto na altura da sua demissão pública", escreveu Trump ao início da madrugada. "Se o John Bolton disse isto foi apenas para vender um livro".
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Citando o manuscrito do livro de Bolton, o jornal norte-americano escreveu que Trump disse a Bolton que queria congelar 391 milhões de dólares em ajuda à Ucrânia até os responsáveis de Kiev o ajudarem com a investigação ao seu rival democrata, Joe Biden.
Trump está a ser alvo de um processo de impeachment no Senado por abuso de poder e obstrução ao Congresso.
Os procuradores da Câmara dos Representantes passaram três dias a explicar como Trump terá retido a ajuda militar e atrasado uma reunião na Casa Branca para pressionar o seu homólogo ucraniano a abrir uma investigação a Biden e ao filho do ex-vice-presidente, Hunter, que fez parte do conselho de uma companhia de gás ucraniana.
Os democratas apressaram-se a aproveitar a notícia para reiterar o pedido para que Bolton e outras pessoas da administração Trump possam testemunhar no julgamento de impeachment.
Um dos pontos da defesa de Trump é que não houve quid pro quo. A equipa de Trump alega que a suspensão do auxílio estava separada do pedido para uma investigação aos Biden. A afirmação de Bolton no manuscrito pode minar este argumento.
Os democratas querem que Bolton e outros responsáveis da administração, como o chefe de gabinete Mick Mulvaney, possam testemunhar, acreditando que eles sabem mais sobre a forma como Trump lidou com a Ucrânia. Bolton disse que está disponível para testemunhar, se for intimado.
Em resposta ao artigo do The New York Times, o principal procurador da Câmara dos Representantes, Adam Schiff, escreveu no Twitter que Trump tinha "bloqueado o pedido para o testemunho de Bolton". E acrescenta: "Agora sabemos porquê: Bolton contradiz diretamente o centro da defesa do presidente."
A líder da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse que a recusa dos republicanos do Senado em ouvir Bolton ou outras testemunhas é agora "ainda mais indefensável". "A escolha é clara: a nossa Constituição ou um encobrimento", indicou.
O líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, também pediu aos republicanos que aceitem testemunhas durante o julgamento de impeachment. Mas os republicanos, que têm uma maioria de 53-47, têm mostrado pouca disposição para romper com o presidente.
Uma maioria de dois terços, isto é 67 senadores, é necessária para afastar Trump do cargo.