Trump escusa-se a responder sobre se pretende afastar o secretário de Estado
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, escusou-se hoje a responder se pretende manter em funções o secretário de Estado, Rex Tillerson, depois de a imprensa norte-americana ter noticiado que a Casa Branca o quer substituir por Mike Pompeo.
Após uma reunião na Sala Oval com o príncipe do Bahrain Salman bin Hamad al Khalifa, um jornalista perguntou a Trump se este continuava a querer Tillerson como chefe da diplomacia dos Estados Unidos. "Ele está aqui. O Rex está aqui", respondeu o Presidente, sem fazer mais comentários.
De acordo com a imprensa norte-americana, a Casa Branca está a estudar a possibilidade de substituir o chefe da diplomacia dos Estados Unidos pelo diretor da CIA, Mike Pompeo.
O jornal New York Times foi o primeiro a lançar a notícia, adiantando que o secretário-geral da Casa Branca, John Kelly, estará por detrás desta substituição, que poderá ocorrer "nas próximas semanas". Horas depois, a agência de notícias Associated Press (AP) publicou igualmente a história, citando dois responsáveis da administração Trump.
Após a curta declaração de Trump sobre o caso, a porta-voz da Casa Blanca, Sarah Huckabee Sanders, disse que não iria fazer, "neste momento", qualquer "anúncio sobre pessoal" da administração.
"O secretário Tillerson continua a liderar o Departamento de Estado e todo o gabinete está concentrado na conclusão deste incrivelmente bem-sucedido primeiro ano da administração do Presidente Trump", acrescentou Sanders num comunicado.
A imprensa americana também indica que a "jogada" da Casa Blanca implica trocar Tillerson por Pompeo e pôr o senador republicano Tom Cotton à frente da CIA. Eleito pelo Arkansas (um dos Estados mais conservadores dos EUA) Cotton é conhecido como um acérrimo defensor das restrições à imigração legal e ilegal nos Estados Unidos.
O relacionamento entre Donald Trump e Rex Tillerson tem sido muito complicado, com algumas desautorizações do Presidente ao seu chefe da diplomacia, declarações contraditórias entre ambos (acordo nuclear com o Irão e Coreia do Norte) e a indicação, noticiada pela imprensa americana em outubro, de que o secretário de Estado queria demitir-se e que teria apelidado Trump de "moron" (imbecil) no final de uma reunião no Pentágono, em julho.
Tillerson, um texano que liderou a petrolífera ExxonMobil, veio a público no mesmo dia a negar a intenção de se demitir, mas sem desmentir que tivesse chamado "imbecil" ao Presidente.
Um responsável de topo da administração Trump, que falou recentemente com Tillerson, disse à AP que o secretário de Estado se sente seguro no lugar e que está concentrado na reorganização do Departamento de Estado e noutros dossiês da diplomacia americana.
Ainda não se sabe se Trump já aprovou ou não o plano do secretário da Casa Branca John Kelly.
O New York Times salienta um outro ponto de dúvida: se a passagem de Tom Cotton para a CIA seria o mais útil para o partido republicano.
Caso Tom Cotton abandone o Senado, o assento que deixa vago terá de ser preenchido nas eleições intercalares de 2018, o que abre hipótese à entrada de um democrata. Tal como está, Cotton mantém-se no Senado até 2020.
No Arkansas, desde o final dos anos 1990, a eleição para os dois postos de senadores tem alternado entre os republicanos e os democratas.