Trump diz que vai impedir o seu ex-conselheiro de segurança de testemunhar

Numa entrevista à Fox News, o presidente dos Estados Unidos, que enfrenta um processo de<em> impeachment</em>, avançou a possibilidade de invocar o privilégio executivo para impedir o testemunho de John Bolton, justificando-se com o superior interesse da Casa Branca.
Publicado a
Atualizado a

Até setembro último, o republicano conservador John Bolton foi o conselheiro de segurança de Donald Trump e será isso que torna valioso o seu testemunho num julgamento para apurar se o presidente dos Estados Unidos usou o cargo e a Casa Branca num esquema que envolvia a troca de favores políticos e militares com o governo da Ucrânia e a interferência deste nas últimas eleição americanas em seu favor.

John Bolton, que até agora se tinha mostrado indisponível para falar, declarou recentemente que daria o seu testemunho se para isso fosse intimado. Num comunicado divulgado no início do ano, disse que avaliou as sérias questões que estão em causa, pesando as suas obrigações, como cidadão e como ex-conselheiro de segurança nacional e concluiu que estava preparado para testemunhar.

Mas em entrevista a Laura Ingraham, na Fox News, sexta-feira à noite, Donald Trump, ao seu estilo coloquial, e contraditório, disse que "adoraria que todos testemunhassem", incluindo Bolton, o secretário de Estado Mike Pompeo e o chefe de gabinete interino Mick Mulvaney, para logo acrescentar um "mas".

"Mas há coisas que não se pode fazer do ponto de vista do privilégio executivo. Especialmente um conselheiro de segurança nacional. Não pode tê-lo a explicar todas suas afirmações sobre segurança nacional a respeito da Rússia, da China, da Coreia norte, tudo. Simplesmente não pode fazer isso", disse à entrevistadora, que lhe perguntou então se isso significava que iria invocar o privilégio executivo para impedir John Bolton de testemunhar. "Acho que tem que ser, a bem do gabinete."

Espera-se que Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes, envie na próxima para o Senado os dois artigos de impeachment: por abuso de poder e obstrução do Congresso.

O testemunho de John Bolton poderia ser decisivo para o resultado do processo, mas além da possibilidade de invocação do privilégio executivo para o impedir de falar, há ainda a de nenhuma testemunha ser chamada a depor, independentemente do pronunciamento de Trump.

O republicano Mitch McConnell, líder da maioria no Senado, defende que nenhuma testemunha deve ser chamada, enquanto os democratas procuram o apoio de pelo menos quatro dos seus opositores na Câmara, para permitir testemunhas.

Dada a correlação de forças entre republicanos e democratas, é pouco provável a destituição de Donald Trump (seria necessária uma maioria de dois terços para uma condenação), daí a importância de ouvir testemunhas.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt