Trump diz que os curdos "não são uns santos" e "têm muita areia para brincar"

Presidente dos EUA retirou as tropas do norte da Síria e deixou os aliados curdos, que ajudaram na guerra contra o Estado Islâmico, à mercê da intervenção turca.
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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse esta quarta-feira que os curdos na Síria, contra os quais a Turquia lançou uma ofensiva militar, "não são uns santos", justificando o abandono das tropas norte-americanas da região.

No início do mês, Donald Trump anunciou a retirada das tropas norte-americanas da Síria, onde lutavam contra o Estado Islâmico ao lado das milícias curdas, que ficaram à mercê de um ataque da Turquia, que as considera um grupo terrorista.

A decisão do presidente foi muito criticada, dentro e fora dos EUA, e até pelos seus mais próximos apoiantes no Partido Republicano, com acusações de ter traído os seus aliados, que se viram obrigados a pedir ajuda ao Governo da Síria e da Rússia.

Em declarações aos jornalistas, na Casa Branca, Donald Trump defendeu-se dizendo que "os curdos estão muito bem protegidos" e acrescentou que "não são uns santos", demitindo-se de responsabilidades na salvaguarda dos seus interesses e rejeitando as acusações de não ficar ao lado de quem ajudou os EUA.

Poucos dias depois de ter anunciado a retirada das tropas da Síria, Trump tinha dado uma justificação semelhante, para abandonar os curdos, dizendo que eles não tinham ajudado os aliados na luta contra o regime nazi, na II Guerra Mundial, durante o Dia D (do desembarque na Normadia).

Trump aproveitou ainda para anunciar que as tropas norte-americanas estão "praticamente fora" do nordeste da Síria, onde se verificam os ataques turcos, mas sem esclarecer a posição exata do contingente de cerca de 50 soldados dos EUA que ainda permanece na Síria, com relatos de média norte-americanos de que poderão estar a sul da zona de combate.

"Se a Síria quer lugar para recuperar as suas terras, isso depende deles e da Turquia", disse Trump, acrescentando que "há muita areia com a qual podem brincar", referindo-se à região disputada entre os curdos e o Governo de Ancara, no nordeste da Síria.

A declaração de Trump surge no dia em que o seu vice-presidente, Mike Pence, e o chefe da diplomacia norte-americana, Mike Pompeo, partiram para a Turquia, para se encontrar com o presidente Recep Tayyip Erdogan (que já disse que não os iria receber, porque apenas aceita falar com o seu homólogo).

A Turquia tem atacado posições curdas no nordeste da Síria, desde a passada quarta-feira, para tentar criar uma zona livre das milícias e anunciou hoje que não desistirá da ofensiva, apesar dos apelos da comunidade internacional e da ajuda do Governo sírio que já se instalou na região.

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