Trump diz que a sua posição sobre o muro com o México não mudou nem evoluiu

Presidente dos EUA escreveu que partes do muro serão "transparentes" e que nunca esteve prevista a construção de muro nos locais onde já existem barreiras naturais

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou esta quinta-feira que a sua posição quanto ao muro na fronteira com o México não mudou, retificando afirmações do seu próprio chefe de gabinete, John Kelly, a vários congressistas democratas.

Trump escreveu hoje na rede social Twitter: "O Muro é o Muro, nunca mudou nem evoluiu desde o primeiro dia em que o concebi".

Congressistas democratas que se reuniram na quarta-feira com o chefe de Gabinete da Casa Branca, John Kelly, relataram que este lhes disse que alguns setores da fronteira não precisam de um muro -- e que Trump não sabia disso quando fez as promessas de campanha sobre o tema.

Nos seus habituais tweets da manhã, Trump escreveu hoje que partes do muro serão "transparentes" e que nunca esteve prevista a construção de muro nos locais onde já existem barreiras naturais.

Acrescentou ainda que o muro "será pago, direta ou indiretamente, ou através de um reembolso num prazo ainda mais longo, pelo México, que tem um ridículo excedente comercial de 71 mil milhões de dólares com os EUA".

As declarações de Kelly -- que na prática mostravam uma evolução da visão de Trump sobre migrações e sobre o muro fronteiriço -- surgiram numa altura em que os congressistas democratas e republicanos tentam chegar a um acordo que impeça a deportação de centenas de milhares de jovens sem documentos que entraram ilegalmente nos EUA com os seus pais.

A questão das deportações destes imigrantes surgiu também por ação da Casa Branca, já que Donald Trump decidiu acabar com o DACA (Ação Diferida para Imigração Infantil), que protege da deportação 800.000 indocumentados, conhecidos como 'dreamers' ('sonhadores').

Cerca de 520 portugueses são abrangidos pelo programa.

Em setembro de 2017, Trump cancelou o programa criado por Barack Obama, dando até março deste ano para o Congresso dos EUA achar uma solução legislativa para estas pessoas.

Os republicanos estão dispostos a aceitar as propostas dos democratas, desde que venham acompanhadas de medidas mais apertadas de segurança fronteiriça e outras restrições.

Mais uma vez, Trump afirmou hoje: "Se não houver Muro, não há Acordo!", acrescentando que os EUA precisam de uma barreira "para ajudar a travar a entrada maciça de drogas a partir do México, agora considerado o país mais perigoso do Mundo".

As declarações de Kelly sobre Trump e o Muro surgiram numa reunião à porta fechada com congressistas hispânicos, mas repetiu algumas das ideias numa entrevista mais tarde ao canal Fox News.

Kelly disse na Fox que "todos eles [os candidatos a Presidente] dizem coisas no decorrer das campanhas sobre as quais podem estar ou não completamente informados".

Trump, salientou Kelly, "mudou muito significativamente a sua atitude" quanto à proteção dos jovens imigrantes "e mesmo em relação ao muro, quando foi informado" pela sua equipa.

As declarações de Kelly são surpreendentes na medida em que reconhecem, abertamente e em público, as diferenças entre promessas de campanha e a realidade da governação, sugerindo até que Trump teve de ser educado quanto ao tema.

O governo mexicano já respondeu aos tweets de Trump, reafirmando que "não vai pagar" qualquer muro na fronteira e que não vai negociar, através das redes sociais, qualquer aspeto das relações bilaterais México-EUA.

Por outro lado, o governo mexicano também considerou que "é completamente falso que o México seja o país mais perigoso do Mundo", como afirmou Trump.

A violência que existe no México devido ao tráfico ilícito de drogas, armas e dinheiro, afirmou o governo mexicano, "é um problema partilhado que só acabará quando se tratarem as causas de raiz: a elevada procura por drogas nos Estados Unidos e a oferta a partir do México (e de outros países)".

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