Trump condena "racismo, ódio e a supremacia branca"
Depois do Twitter, Donald Trump condenou de viva voz o "racismo, o ódio e a supremacia branca" numa referência aos dois atentados que este domingo causaram a morte de 31 pessoas no Texas e em Ohio. Pediu pena de morte para os autores de massacres e culpou a internet e os videojogos que celebram a cultura da violência. Mas não fez qualquer abordagem à sua retória contra a imigração ilegal, que, segundo os opositores, contribuiu para o aumento de ataques de motivação racial.
No sábado, um atirador matou 22 pessoas num Walmart em El Paso, num ataque motivado por questões raciais. Treze horas depois, outro atirador matou nove pessoas em Dayton, acabando por ser abatido pela polícia. Houve ainda dezenas de feridos em ambos os ataques.
Num discurso duro, o presidente americano defendeu esta segunda-feira a pena de morte para aqueles que cometem homicídios em massa e preconizou que a reforma para o controlo das armas tenha em causa a saúde mental dos seus detentores. Também pediu cooperação entre os dois partidos sobre as mexidas na lei de controlo das armas.
"As doenças mentais e o ódio puxam o gatilho, não a arma", frisou. "A uma só voz, a nossa nação deve condenar o racismo, o fanatismo e a supremacia branca. Estas ideologias sinistras devem ser derrotadas. O ódio não tem lugar na América", disse Trump.
As palavras de Donald Trump foram conhecidas pouco antes de o suspeito do tiroteio de El Paso ter sido acusado de crimes capitais.
Perante os dois atentados que deixaram a América em choque, o presidente Trump delineou uma série de políticas, que incluem por exemplo mais cooperação entre as agências governamentais e as empresas de media, mudanças nas leis de saúde mental, bem como o fim da "glorificação" da violência na cultura americana.
Por outras palavras: Trump quer que as agências governamentais trabalhem em conjunto e identifiquem quem pode cometer atos violentos e que impeçam o seu acesso à informação. Mas há mais: que as leis permitam retirar armas a indivíduos sobre quem se considere que representam uma ameaça para ele e para os outros.
Dirigiu-se ainda ao Departamento de Justiça, incentivando-o a que proponha pena de morte para os autores de homicídios em massa.
Donald Trump não deixou de culpabilizar os videojogos "horripilantes", por entender que promoverem a cultura de violência na sociedade. "Hoje é muito fácil para jovens problemáticos cercar-se de uma cultura que celebra a violência", disse.
"Temos que parar ou reduzir substancialmente isso e tem que começar imediatamente", afirmou.
O presidente norte-americano já tinha usado o Twitter para pedir aos congressistas republicanos e democratas que legislem para exigir uma verificação de antecedentes mais profunda a quem queira comprar armas de fogo, tendo sugerido que este maior controle deve estar ligado à reforma da imigração.
"Não podemos deixar que os que morreram em El Paso, no Texas, e Dayton, no Ohio, morram em vão. Da mesma forma para os gravemente feridos. Nunca os poderemos esquecer e a todos os que vieram antes deles. Os republicanos e os democratas têm que se unir para termos uma mais forte verificação de antecedentes, talvez casando esta legislação com a tão necessária reforma da imigração. Temos que ter algo bom, se não ótimo, a sair destes dois eventos trágicos!", escreveu o presidente em duas mensagens no Twitter.
Os atentados e a necessidade de alterar a lei de controlo das armas também não passou despercebido no futebol: quando festejava um golo, o capitão da Philadelphia Union, Alejandro Bedoya, correu para os microfones das televisões e gritou: "Ei Congresso, façam alguma coisa agora. Acabar acabar com a violência armada. Vamos lá!"
Alejandro Bedoya, de 32 anos, é natural de Weston, na Flórida, perto da Marjory Stoneman Douglas High School, que foi palco de um tiroteio em massa em 2018.
Antes do jogo que o Philadelphia Union venceu por 5-1 ao DC United, o jogador tinha usado o Twitter para dizer que "palavras sem ações são apenas inúteis. A América, ao que parece, está a tornar-se uma sociedade distópica."