Tribunal divulga documentos que incriminam príncipe Andrew no abuso de menor
Um tribunal de Nova Iorque divulgou documentos em como o príncipe Andrew terá obrigado uma menor a fazer sexo. O juiz publicitou a informação após rejeitar uma tentativa dos advogados de Ghislaine Maxwell para os manter em segredo, segundo o jornal britânico The Guardian.
Supostamente, Jeffrey Epstein - ex-companheiro de Ghislaine e que apareceu morto na prisão onde estava detido por tráfico e abuso sexual de menores - terá tentado reunir material incriminatório contra o príncipe e será o seu conteúdo que veio a público na quinta-feira.
Os documentos fazem parte do processo civil de 2015 conhecido por "Jane Doe", iniciado por Virgínia Roberts Giuffre contra Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell . A alegada vítima, agora com 37 anos, acusou o casal de abuso sexual. Afirmou, ainda, que foi forçada a fazer sexo com o príncipe Andrew, o que ele nega veementemente.
O suposto encontro ocorreu na ilha privada de Epstein nas Ilhas Virgens americana e Epstein terá instruído Giuffre para ""dar ao príncipe o que ele exigisse e relatar os detalhes do abuso sexual".
Epstein supostamente traficou a rapariga, bem como outras, incluindo menores, para poderosas e, desta forma, "obter benefícios comerciais, pessoais, políticas e financeiras, além de aceder a informações para posterior chantagem".
Esses poderosos incluem "políticos americanos, homens de negócios, presidentes estrangeiros, um primeiro-ministro e outros líderes mundiais", pode ler-se na informação judicial. Também contêm a alegação de que Andrew tentou pressionar os EUA em nome de Epstein para ajudar a garantir um "acordo favorável de apelação".
Um amigo do príncipe Andrew desvaloriza a informação: "O tribunal federal de apelação dos EUA disse, em 2019, que essas alegações devem ser tratadas com «extrema cautela». Alegações não são a mesma coisa que fatos, que é a premissa essencial sobre a qual a justiça trabalha. Vamos ver se essas alegações são sustentáveis. Onde está a prova? "
Os advogados de duas outras alegadas vítimas no caso civil pediram a libertação dos documentos que mostrem o suposto lobby do príncipe para que Epstein obtivesse um acordo mais favorável ou, mesmo, a não acusação.
A orgia na ilha foi uma das três ocasiões em que Virgínia foi forçada a fazer sexo com Andrew. Os outros locais foram o apartamento de Maxwell em Londres e em Nova Iorque. Não são fornecidas datas precisas para os supostos incidentes, mas alega-se que a rapariga foi abordada pela primeira vez por Maxwell em 1999, quando ela tinha 15 anos.
Epstein manteve-a como "escrava sexual" entre 1999 e 2002, antes de escapar e fugir para outro país. Casou, teve filhos, licenciou-se em direito e criou a Victims Refuse Slience para ajudar outras pessoas que sofreram abusos sexuais.
Epstein apareceu morto o ano passado, supostamente suicidou-se, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico e abusos sexuais. Ghislaine Maxwell não foi incriminada inicialmente, mas, recentemente, foi detida por acusações federais de ter recrutado pelo menos três meninas, incluindo uma com 14 anos, para Epstein abusar sexualmente nos anos 90 do século XX. O Ministério Público defende que ela também se juntou ao abuso. Aguarda julgamento numa prisão de Nova Iorque.