Tóquio vai anular referendo contra base dos EUA em Okinawa
No referendo sobre a instalação da base norte-americana na ilha de Okinawa, 72% dos japoneses opuseram-se à possibilidade de construção da nova base, mas o governo japonês pretende manter os planos que já tinha.
Okinawa hospeda a maior presença militar dos EUA no país e vários acidentes e crimes levaram a uma crescente contestação da população à presença da base naquela ilha. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Ab, disse aos jornalistas que o governo leva a sério o resultado do referendo, mas não pode atrasar o plano de 20 anos de transferência da Estação Aérea dos Fuzileiros Navais dos EUA para um novo local.
"Não podemos evitar a necessidade de mudar Futenma, considerada a base mais perigosa do mundo", disse o primeiro-ministro japonês, que apelou a que os moradores entendam a decisão. "Passámos muitos anos mantendo o diálogo com as autoridades locais, continuaremos esse diálogo para que possamos obter um entendimento", acrescentou.
Foi no domingo que decorreu o referendo e o boletim de voto tinha três opções: apoiar ou rejeitar ou nenhum dos dois. Dos que votaram, 72% opuseram-se à transferência, 19% aceitaram-na e cerca de 9% não votaram em nenhuma das possibilidades. O governador de Okinawa, Denny Tamiky, que prometeu lutar contra a mudança, pediu ao governo de Tóquio que aceite o veredicto dos eleitores e interrompa imediatamente os trabalhos de construção.
Segundo uma lei local, o governador é obrigado a notificar Tóquio e Washington para respeitarem o resultado, depois de mais de um quarto dos eleitores terem rejeitado o resultado. Mas o governo central mantém o direito de ignorar o resultado da votação.
A base de Futenma está atualmente localizada numa parte urbana de Okinawa e Washington quer movê-la para um local mais remoto. A presença dos EUA na ilha é fundamental para a aliança de segurança do pós-guerra entre o Japão e os Estados Unidos, mas os moradores têm tolerado a base com muita relutância. Sendo que mais de metade dos cerca de 47 mil militares americanos estacionados no Japão estão em Okinawa. Em 2016, um ex-fuzileiro naval empregado numa das bases foi considerado culpado de agredir e matar uma mulher local de 20 anos.
O ressentimento contra a presença dos EUA na ilha aumentou exponencialmente após a violação em grupo de uma menina de 12 anos por tropas americanos em 1995.