Sismo deixa 26 mortos na Turquia e Grécia mas ativa a 'diplomacia do terramoto'

O sismo, sentido em Istambul e Atenas, ocorreu pouco antes das 12:00 de sexta-feira no Mar Egeu, a sudoeste de Izmir, terceira maior cidade da Turquia, perto da ilha grega de Samos.
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Equipas de resgate tentavam, com a ajuda de lanternas, encontrar neste sábado sobreviventes entre os escombros de prédios que desabaram no oeste da Turquia após um terramoto que deixou pelo menos 26 mortos e mais de 800 feridos no país e na vizinha Grécia.

O sismo, sentido em Istambul e Atenas, ocorreu pouco antes das 12:00 de sexta-feira no Mar Egeu, a sudoeste de Izmir, terceira maior cidade da Turquia, perto da ilha grega de Samos.

A magnitude do sismo, registado a uma dezena de quilómetros de profundidade, foi avaliada pelo Instituto Geofísico Americano (USGS) em 7.

Em Bayrakli, na província de Izmir (sudoeste), equipas de resgate, com cães farejadores, lutavam para tentar alcançar as vítimas e possíveis sobreviventes por entre uma série de vigas retorcidas e grandes pedaços de betão, os restos de um prédio de sete andares.

A Gestão de Emergências e Desastres (AFAD) turca confirmou 24 mortos e 804 feridos. Na Grécia, a ilha de Samos, no arquipélago do Dodecaneso (sudeste), foi a área mais afetada: dois jovens morreram devido à queda de um muro e nove pessoas ficaram feridas, informou o canal público ERT.

"Foi um caos, nunca tínhamos vivido nada assim. Alguns edifícios sofreram danos, principalmente uma igreja" localizada no porto de Karlovassi, informou Giorgos Dionysiou, o vice-presidente da Câmara de Samos.

O sismo provocou uma elevação do nível do mar, que inundou as ruas de Seferihisar, cidade turca situada no epicentro. A maré também varreu a costa de Samos.

A costa turca, com grande densidade populacional, foi a mais afetada, com 17 prédios que desabaram. Os socorristas de Bayrakli, auxiliados por moradores e polícias, conseguiram contactar por telefone uma jovem presa sob os escombros.

"Não se preocupe! Já chegamos! Vou desligar para que poupe bateria. Diminua a luminosidade do seu ecrã e fique calma", aconselhava um familiar sob a supervisão de um socorrista. Uma corrente humana tentava retirar os escombros.

Os canais de TV do país mostravam imagens de grandes nuvens de poeira, enquanto a população corria para as ruas, em pânico. Numa imagem captada por um morador, um prédio caía com uma enorme facilidade, enquanto pedestres gritavam: "Meu Deus!".

"Vivemos em Izmir, o clima é temperado, podemos passar a noite assim, amanhã também, mas é difícil projetar a longo prazo, há uma sensação de impotência", disse à AFP o militar reformado Cemalettin Enginyurt, 51.

Vários hospitais da cidade, sobrecarregados devido à pandemia, transferiram pacientes para outros locais, a fim de poderem receber as vítimas do terramoto.

O sismo também foi sentido em Istambul, capital económica do país, abalada há 20 anos por um forte tremor. Mas não foi constatado nenhum dano na cidade, segundo o governador da província.

Apesar da forte tensão que as separa, Turquia e Grécia comprometeram-se com uma ajuda mútua. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, informou pelo Twitter ter conversado por telefone com o presidente turco, Recep Tayyip Edogan, para expressar condolências.

"O facto de que dois vizinhos sejam solidários nestes tempos difíceis tem mais valor do que muitas outras coisas", respondeu Erdogan.

Esta promessa de ajuda mútua é uma reminiscência da ajuda que a Grécia ofereceu à Turquia após o terramoto de 1999, que deixou 17.000 mortos, um gesto que permitiu a retomada nas relações entre os dois países rivais. Isso levou alguns especialistas a cunhar a frase "diplomacia de terramoto".

A França uniu-se a esse movimento solidário, oferecendo ajuda a Atenas e Ancara, em plena crise com a Turquia envolvendo temas diplomáticos e geopolíticos.

Tanto a Turquia quanto a Grécia estão situadas numa das zonas sísmicas mais ativas do mundo. Na Turquia, além do terramoto de 1999, um tremor de magnitude 7,1 atingiu a província de Van e deixou mais de 600 mortos e em janeiro passado, outro de 6,7 deixou cerca de quarenta mortos na província de Elazig (leste).

Na Grécia, o último terremoto com mortos ocorreu em julho de 2017, na ilha de Kos, perto de Samos.

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