Sánchez e Iglesias negoceiam um "governo de cooperação"
O líder da aliança Unidas Podemos, Pablo Iglesias, disse que o secretário-geral socialista, Pedro Sánchez, quer negociar "um governo de cooperação" e que, depois desta reunião inicial de uma hora e 20 minutos no Congresso, haverá agora "reuniões mais discretas" para ver como será possível chegar a esse objetivo.
"Concordamos que há uma maioria progressista que nos quer ver juntos", afirmou Iglesias à saída do encontro. Não é contudo ainda claro o que significa um "governo de cooperação", tendo os socialistas defendido nas últimas semanas a ideia de governar sozinhos com o apoio parlamentar da Unidas Podemos.
"Tenho a impressão que quer negociar um governo de esquerdas connosco, não tenho nenhuma razão para pensar que Sánchez está a mentir", disse Iglesias. "Um governo conjunto é um governo conjunto, chame-se o que se chame", acrescentou, dizendo que falou com Sánchez de reforma laboral e justiça fiscal e que espera que seja possível chegar a acordo programático com o PSOE.
Os socialistas dizem contudo que um governo de cooperação não é uma coligação, como a Unidas Podemos tem vindo a defender, podendo integrar independentes de referência.
"A esquerda sabe entender-se. A vontade dos que querem um governo liderado pelo PSOE é que aplique políticas progressistas. Assim se focou Pedro Sánchez nesta reunião. Saímos muito satisfeitos. Houve grandes coincidências programáticas", indicou a vice-secretária do PSOE, Adriana Lastra.
Segundo a mesma responsável, ambos os lados vão agora procurar "fórmulas" para esse governo de cooperação, um governo "plural, aberto e inclusivo" com "personalidades de referência em distintos âmbitos".
Após a vitória socialista nas eleições de 28 de abril, Sánchez foi convidado na semana passada pelo rei Felipe VI a submeter-se à investidura como primeiro-ministro. Uma vez que o PSOE não conseguiu a maioria no Congresso, será necessário negociar com outras forças políticas para ter os números necessários para passar a votação -- maioria absoluta na primeira volta ou maioria simples na segunda votação, 48 horas depois.