Salvini foi ver a vedação de Orbán e prometeu uma nova Europa a 27 de maio
Vice-primeiro-ministro italiano diz que a política anti-imigração húngara é semelhante à italiana. Antes, o primeiro-ministro húngaro tinha sugerido numa entrevista que, após as eleições europeias de 23 a 26 de maio, o Partido Popular Europeu deve aliar-se aos nacionalistas, populistas e extrema-direita e não aos socialistas e aos liberais
Matteo Salvini foi esta quinta-feira à Hungria reunir-se com Viktor Orbán e enaltecer a sua política contra a imigração ilegal. "Felicito o primeiro-ministro Viktor Orbán que, rápida e eficazmente, assegurou a guarnição de 600 quilómetros de fronteira, bloqueando as entradas. As posições do governo italiano e do governo húngaro são idênticas", escreveu, na sua conta de Twitter, o vice-primeiro-ministro de Itália.
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Salvini, também ministro do Interior de líder do partido Liga, esteve com Orbán, primeiro-ministro húngaro e líder do partido Fidesz, em Budapeste, mas também na aldeia de Röszke, na fronteira entre a Hungria e a Sérvia, para verificar, in loco, a vedação erguida pelos húngaros para travar a chegada de imigrantes ilegais que procuram chegar a território da UE através da chamada rota dos Balcãs.
"Contamos que a nova Europa, a partir de 27 de maio, protegerá as fronteiras por terra, tal como a Hungria, e por mar, como a Itália, revendo também todos os acordos com países terceiros que não cooperam nos planos de repatriamento de imigrantes ilegais", escreveu Salvini no Twitter, tendo repetido a ideia novamente na conferência de imprensa conjunta com o chefe do governo húngaro.
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Salvini ouve Orbán
© D.R. Twitter
A Hungria de Orbán é contra o sistema de quotas vinculativo para repartição de migrantes e refugiados na UE e, em alternativa, ergueu uma vedação. O seu partido encontra-se atualmente suspenso do Partido Popular Europeu (PPE), até agora o maior grupo político no Parlamento Europeu, devido a um conjunto de ações nos últimos anos, de desafio aos valores do partido, nomeadamente "a liberdade de expressão, científica e de educação". Além disto, o PPE exige esclarecimentos sobre o encerramento da Universidade Central de Budapeste. Muito recentemente, Orbán lançou na Hungria uma campanha de desinformação, que visava a política de imigração europeia, apontando o dedo, diretamente, a Jean-Claude Juncker, que além de presidente da Comissão Europeia era também seu companheiro de partido.
Salvini, que retribuiu com esta deslocação a visita feita por Orbán a Milão, em agosto do ano passado, procura ver reforçada a sua posição como líder da direita nacionalista, populista e extremista com vista à formação de um novo grupo político europeu após as eleições de 23 a 26 de maio. Orbán, que no passado confessou que o italiano era uma espécie de seu herói, diz que decidirá, depois das eleições, se o Fidesz fica ou sai do PPE. Numa entrevista publicada esta quinta-feira pelo jornal italiano La Stampa, o primeiro-ministro húngaro diz preferir que o PPE, em queda nas sondagens, se alie com a extrema-direita, os nacionalistas e os populistas do que com os socialistas e com os liberais. Como chegou a sugerir já o candidato do PPE à sucessão de Juncker na Comissão, Manfred Weber, alemão e membro do partido bávaro CSU.

Salvini, também ministro do Interior e líder do partido Liga, na fronteira de Röszke
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"O PPE prepara-se para cometer suicídio e quer ligar-se à esquerda. Temos que encontrar outro caminho de cooperação com a extrema-direita. Por causa disso eu acho que Salvini é a pessoa mais importante na Europa atualmente", disse Orbán, naquela entrevista. Na conferência de imprensa desta quinta-feira, Orbán repetiu a ideia, dizendo que seria muito difícil para o seu partido permanecer no PPE se este decidir aliar-se a grupos políticos de esquerda. Citada pela Reuters, Annegret Kramp-Karrenbauer, sucessora da chanceler Angela Merkel na liderança dos democratas-cristãos, desvalorizou a influência de Orbán no PPE. "Se ele quiser sair do PPE, não há caminho de volta para o Fidesz dele no PPE. Desde a sua suspensão, em março, o Fidesz de Orbán não tem influência na política do PPE", declarou a atual líder da CDU, com quem a Liga de Salvini pode disputar o lugar de partido nacional mais votado nas europeias.

Salvini e Orbán animados durante o encontro
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As projeções para as europeias mostram que o PPE, bem como os Socialistas e Democratas, são os grupos políticos que mais caem. Os eurocéticos, os nacionalistas, os populistas e os extremistas de direita são os que, em sentido inverso, maios crescem. No início de abril, em Milão, Salvini lançou uma nova aliança com vista à formação de um novo grupo político no Parlamento Europeu. "Estamos a ampliar a comunidade, a família. Estamos a trabalhar para um novo sonho europeu", disse o vice-primeiro-ministro, que governa Itália coligado com o 5 Estrelas, numa conferência de imprensa conjunta com dirigentes da Alternativa para a Alemanha (AfD), do Partido dos Finlandeses e do Partido do Povo Dinamarquês.

Salvini e Orbán reuniram-se hoje em Budapeste e na fronteira junto à Sérvia
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Jörg Meuthen, da AfD, disse na conferência que pelo menos uma dezenas de partidos vão participar na aliança que vai ser formalizada após as eleições europeias de 23 a 26 de maio. "Queremos reformar a União Europeia e o Parlamento Europeu, sem os destruir. Queremos protagonizar uma mudança radical", disse o político alemão, cujo partido está já representado no Bundestag e em todos os estados federados da Alemanha.