Rouhani afirma que Irão não violará acordo nuclear
Líder iraniano criticou "recém-chegados" à política internacional, numa óbvia referência a Donald Trump.
O presidente Hassan Rouhani, do Irão, garantiu ontem que o seu país "não quer restaurar o seu império do passado, impor a sua religião oficial a outros nem exportar a sua revolução pela força das armas". Mas, prosseguiu Rouhani, que falava no segundo dia da 72.ª Assembleia Geral da ONU, assegurou que Teerão não se deixará intimidar pela "absurda retórica do ódio" - referência à intervenção de Donald Trump na terça-feira, que deixou no ar a possibilidade de rever o acordo nuclear de 2014.
O acordo, que envolve o Irão, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - China, EUA, França, Reino Unido e Rússia - mais a Alemanha, permite àquele país desenvolver um programa nuclear de caráter civil, mas alguns setores nos EUA e o governo israelita consideram que, sob este, Teerão pode ainda desenvolver armas nucleares. O que Rouhani negou, afirmando que o Irão nunca procurou "garantir meios de dissuasão através de armas nucleares", dizendo ainda - com críticas pelo meio aos "recém-chegados" à política internacional ou ao "Estado agressivo" de Israel - que o seu país "nunca será o primeiro a violar" o acordo de 2014. E se os EUA o fizerem, a Administração Trump "terá minado a sua credibilidade e a confiança internacional" nos compromissos assumidos por Washington.
Numa anterior intervenção, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, defendeu, precisamente, a necessidade de "todas as partes envolvidas manterem" o acordo com o Irão, que "veio criar maior segurança para todos nós". Noutro ponto da intervenção, Tusk salientou a importância da "comunidade internacional responsabilizar-se pela proteção dos refugiados e dos migrantes ilegais". Notando o envolvimento da UE neste processo, Tusk pediu uma "maior presença das agências internacionais na Líbia", hoje o principal ponto de partida utilizado pelos traficantes de pessoas para as trazerem para solo europeu, de forma a "melhorar-se a situação das vítimas". Sobre as causas das migrações, o dirigente europeu notou que a UE "quer trabalhar em parceria com os países africanos nos desafios que vão da segurança ao contraterrorismo e ao crescimento económico e criação de empregos", aspectos fundamentais para suster a fuga de pessoas dos países afetados.
Subscreva as newsletters Diário de Notícias e receba as informações em primeira mão.
Mais tarde, foi a vez da chefe do governo britânico, Theresa May, salientar, como já o fizera Tusk, a importância do combate aos terrorismo islamita nas redes sociais, impedindo a disseminação da sua propaganda. E também como Tusk, sublinhou a importância de "exercer pressão sobre a Coreia do Norte" e de ser respeitado o Acordo de Paris sobre o Clima, que Trump disse pretender renegociar.