Referendo não entusiasma catalães no exterior

Madrid assegura ter todos os mecanismos para impedir consulta independentista.
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A intenção do governo da Catalunha de convocar um referendo independentista para 1 de outubro sofreu dois duros revezes. Por um lado, a tentativa de fomentar o voto dos catalães residentes no exterior fracassou. De um universo de 285 mil, até agora estão inscritos apenas cinco mil. Por outro - escreve o El País -, "o projeto para permitir o voto eletrónico está parado e sem opções visíveis para arrancar". É demasiado curto o tempo para fazer aprovar uma lei nesse sentido.

De acordo com o diário espanhol, estes dois fiascos estão a provocar "divisões no governo da Catalunha e a prejudicar as relações com entidades soberanistas-chave como a Assembleia Nacional Catalã [ANC]" - associação criada em 2011 para promover a independência.

Raül Romeva, responsável pelos Assuntos Externos e Relações Institucionais do executivo catalão, e Jordi Sànchez, presidente da ANC, estarão em rota de colisão pessoal e a atribuir culpas um ao outro, mas, ao mesmo tempo, a esforçar-se para que a zanga não transpareça.

Ao mesmo tempo, o governo de Madrid está convencido de que será capaz de impedir o referendo sem que seja necessário invocar o número 155 da Constituição espanhola, que o jornal ABC define "como um dos mais sensíveis da lei magna". O referido artigo prevê a suspensão das competências autonómicas das regiões caso esteja em causa um "atentado grave contra o interesse geral de Espanha". Escreve o ABC que o governo "quer evitar deitar achas para a fogueira para não alimentar a vitimização" catalã. Ainda assim, caso seja necessário, o executivo de Mariano Rajoy não descarta a hipótese de deitar mão ao número 155 da Constituição.

A ministra da Defesa e secretária-geral do Partido Popular advertiu neste domingo que a "soberania é de todos", tal como o direito a decidir. "Não se pode dizer que a democracia está acima da lei, porque sem lei não há democracia. Se alguém quer deixar de cumprir a lei que submeta essa intenção ao voto de todos", frisou María Dolores de Cospedal.

O governo central mantém que não irá permitir o referendo e nem sequer uma consulta informal - como aquela que aconteceu em novembro de 2014. Fontes da Moncloa asseguram aos jornais espanhóis que o executivo está preparado para todos os cenários e que tem à sua disposição mecanismos legais para evitar que os catalães vão a votos.

O anúncio do referendo - que ainda não foi formalmente convocado - foi feito a 9 deste mês por Carles Puigdemont, presidente do governo autónomo da Catalunha. A pergunta que constará nos boletins também foi divulgada: "Quer que a Catalunha seja um Estado independente sob a forma de República?"

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