Protestos contra a austeridade levam à demissão do primeiro-ministro

Depois de dias de protestos contra a política de aumento de impostos e novas medidas de austeridade, Hani Mulki apresentou a sua demissão ao rei Abdullah II
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Depois de vários dias em que a Jordânia assistiu aos maiores protestos dos últimos anos, com milhares de pessoas na rua e uma greve geral na última quarta-feira, motivados pela política de austeridade, com aumento de impostos e outras medidas ditadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o primeiro-ministro Hani Mulki apresentou a sua demissão ao rei Abdullah II, avançou a Reuters nesta segunda-feira.

O rei Abdullah II, que convocara Mulki para um encontro, já pediu a Omar al-Razzaz para formar novo governo. Razzaz, um economista que trabalhou no Banco Mundial, era o ministro da Educação do governo de Mulki, que tomou posse em 2016 com a missão de equilibrar a economia do país.

Medidas como o aumento dos impostos individuais e coletivos e o fim do subsídio ao pão, ditadas pelo FMI para reduzir o défice, levaram aos protestos que tiveram o seu epicentro na capital de Amã e nas grandes cidades da Jordânia. 60 pessoas foram detidas. "Permaneçam calmos. A Jordânia é um país seguro, e as coisas estão sob controlo", declarou o major-general Hussein Hawatmeh, responsável pela segurança, numa conferência de imprensa.

O parlamento estava encarregado de finalizar a lei para a reforma tributária, aprovada pelo Governo no âmbito das medidas ditadas pelo FMI para reduzir o défice na Jordânia. Todavia, pelo menos 57 dos 130 deputados da câmara baixa do parlamento jordano haviam já assinado um documento pedindo ao rei Abdullah II que afastasse o primeiro-ministro. Fontes parlamentares disseram à agência espanhola Efe que os deputados argumentaram que as políticas de Hani Mulki, "levaram o país a um estado explosivo". "Esse governo não tem mais a nossa confiança", disseram os deputados na carta.

O governo de Mulki, por sua vez, alegava que estas medidas de austeridade permitiram reduzir as disparidades sociais e alimentar os serviços públicos.

Os protestos

"O governo deixou-nos sem dinheiro... Deixaram-nos sem dinheiro nos bolsos", lançavam os manifestantes nas ruas. Além das medidas de austeridade, os protestos recaiam também na corrupção. "Os nossos pedidos são legítimos. Não, não à corrupção", cantavam, pedindo a intervenção do rei Abdullah, visto como uma força unificadora.

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