Reformar o Vaticano é "como limpar a Esfinge com uma escova de dentes"

Ao apresentar votos de Natal à cúria romana, Francisco não se deixou imbuir do espírito natalício e aproveitou para criticar os seus pares

Pelo quarto ano consecutivo, Francisco aproveitou a tradicional sessão de cumprimentos de Natal à hierarquia central da Igreja Católica Romana, ou cúria, para reforçar a necessidade de instaurar mudanças. "Reformar Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes", disse, citando um clérigo belga do século XIX, Xavier de Mérode.

Apesar de estar "ciente de que a grande maioria" das pessoas presentes na Sala Clementina do Palácio do Vaticano não se enquadrar na crítica, não poupou no tom aos "traidores da confiança".

"Pessoas que foram selecionadas com cuidado para dar corpo e vigor à reforma mas, sem compreenderem a importância das responsabilidades, deixaram-se corromper pela ambição e pela vanglória e quando são afastadas declaram-se mártires do sistema, do Papa desinformado, da velha guarda, em vez de dizerem mea culpa", disse aos cardeais, bispos e demais chefias.
No início do mês o vice-diretor do Banco do Vaticano foi demitido sem quaisquer explicações.

Sobre a quadra natalícia, Jorge Bergoglio lembrou que é uma ocasião para "abrir os olhos e abandonar o que é supérfluo, falso, malicioso e enganador, e perceber o que é essencial, verdadeiro, bom e autêntico".

Mais tarde, num encontro com funcionários do Vaticano e suas famílias, Francisco pediu perdão pelas falhas de alguns membros da Igreja.
Horas depois decorreu o funeral do cardeal Bernard Law, ex-arcebispo de Boston, que renunciou depois de se saber que tinha dado cobertura, durante anos, ao abuso sexual de crianças por clérigos.

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