Escassez de água vai afetar cinco mil milhões de pessoas em 2050

Relatório mundial da ONU, divulgado hoje, alerta para a necessidade de procurar novas "soluções baseadas na natureza" para melhorar a gestão da água
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Se não se fizer nada, até 2050 cinco mil milhões de pessoas vão ser afetadas pela escassez de água. Este é o alerta deixado pela ONU no relatório mundial sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, que vai ser hoje apresentado no Fórum Mundial da Água, em Brasília.

Os cenários de secas e cheias têm ficado cada vez mais extremos em consequência das alterações climáticas, salienta o relatório. "Atualmente, estima-se que 3,6 mil milhões de pessoas (quase metade da população mundial) vivam em áreas que apresentam uma potencial escassez de água de pelo menos um mês por ano, e essa população poderá aumentar para um número entre 4,8 mil milhões e 5,7 mil milhões de pessoas até 2050", pode ler-se no documento.

"Precisamos de novas soluções para a gestão dos recursos hídricos, para enfrentarmos os desafios emergentes relativos à segurança hídrica originados pelo crescimento demográfico e pela mudança climática. Até 2050, se não fizermos nada, cerca de cinco mil milhões de pessoas vão viver em áreas com pouco acesso à água", realçou em comunicado Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, organização que coordenou o relatório.

Mas a escassez de água não é a única preocupação. "Estima-se que a deterioração da qualidade da água irá ampliar-se ainda mais durante as próximas décadas, o que irá aumentar as ameaças à saúde humana, ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável", avisa o relatório.

Tendo em conta este cenário, a ONU alerta para a necessidade de encontrar "soluções baseadas na natureza (SbN)", uma vez que "oferecem meios essenciais para ir além das abordagens tradicionais", de modo a "aumentar os ganhos em eficiência social, económica e hidrológica, no que diz respeito à gestão da água".

Segundo a Organização das Nações Unidas, as SbN podem ajudar também na resposta aos impactos causados pelas mudanças climáticas sobre os recursos hídricos. "As SbN apoiam os conceitos 'crescimento verde' e de 'economia verde', os quais promovem o uso sustentável dos recursos naturais e aproveitam os processos naturais como fundamento das economias", lê-se no documento.

Apesar do aumento dos investimentos nas SbN no mundo, o relatório indica que ainda correspondem a menos de 1% do investimento total em infraestruturas de gestão dos recursos hídricos.

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