ONU denuncia violações em grupo e valas comuns no Burundi

Relatório das Nações Unidas denuncia crimes praticados pelas forças de segurança do país.
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As Nações Unidas garantem ter provas de que as forças de segurança do Burundi praticaram violações em grupo enquanto procediam a buscas nas casas de líderes da oposição suspeitos. Num relatório, a ONU explica que os agentes separaram as mulheres e as violaram, denunciando 13 casos de violência sexual.

As forças de segurança terão ainda sequestrado, torturado e matado dezenas de homens jovens e o responsável pelos direitos humanos da ONU, Zeid Ra'ad al Hussein, explicou num comunicado a que a BBC teve acesso que estão a investigar nove valas comuns encontradas em Bujumbura e em redor da capital.

A violência no Burundi tem vindo a agravar-se desde que o presidente Pierre Nkurunziza anunciou a intenção de se candidatar a um terceiro mandato, o que obrigava a mudar a Constituição. Em maio, o chefe do Estado escapou a um golpe e em julho foi mesmo eleito para um terceiro mandato.

Nos últimos meses, a violência no Burundi já fez mais de 439 mortos e 200 mil pessoas deixaram o país.

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As potências ocidentais e os Estados africanos receiam que a crise no Burundi, até agora centrada em divisões políticas, se torne num conflito étnico. Em 2005, o país saía de uma guerra civil de 12 anos entre um exército dominado pela minoria tutsi e grupos rebeldes da maioria hutu, durante a qual morreram mais de 300 mil pessoas.

"Todos os sinais de alarme, incluindo a dimensão cada vez mais étnica da crise, estão no vermelho", explicou Hussein. O Burundi tem a mesma constituição étnica do Ruanda, onde o genocídio de 1994 resultou na morte de 800 mil tutsis e hutus moderados.

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