O segundo grande ataque da Al-Qaeda aos EUA

O destroyer <em>USS Cole</em>, de passagem pelo Iémen, foi o alvo escolhido em 2000. Dois anos antes, Osama bin Laden declarara todos os cidadãos americanos alvos legítimos.
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Na manhã de 12 de outubro de 2000 um pequeno barco a motor, carregado de explosivos e com dois homens a bordo, embate no USS Cole, destroyer americano da classe Arleigh Burke, que se encontrava ao largo do porto de Áden, capital do Iémen, provocando um buraco de 12 metros de diâmetro no casco exterior do navio e matando 17 marinheiros e ferindo 39 numa tripulação total de cerca de 250. Eram 11.18 e a Al-Qaeda acabava de realizar a segunda grande operação contra alvos americanos.

Dois anos antes, em fevereiro de 1998, o líder e fundador da rede terrorista, o saudita Osama bin Laden, declarara que todos os cidadãos dos Estados Unidos, civis e militares, eram alvos legítimos, sendo dever de qualquer muçulmano "matar americanos". E a 7 de agosto sucediam os ataques simultâneos às representações diplomáticas de Washington no Quénia e na Tanzânia, causando a morte de mais de 200 pessoas. A Al-Qaeda acabava de declarar guerra aos EUA.

O ataque ao USS Cole - cujo nome evoca o do sargento marine Darrel S. Cole, morto em combate em fevereiro de 1945 no desembarque em Iwo Jima - demonstrou a inventividade e a capacidade de mobilização de recursos da Al-Qaeda, mas abriu também uma controvérsia sobre o comportamento do comandante, capitão Kirk Lippold, e da tripulação. A interrogação principal foi a de como Lippold, que se encontrava em águas consideradas hostis - o USS Cole estava no segundo nível mais elevado de alerta - e os marinheiros de guarda não acharam estranho um pequeno barco a motor movimentar-se a grande velocidade, vindo a colocar-se ao lado do casco do navio. A aproximação teria ocorrido quando estava a ser transferido lixo e outros resíduos para barcaças que se deslocavam entre o porto e o local onde se encontrava o navio. Segundo testemunhas oculares, os dois terroristas fizeram a continência antes de fazerem explodir a embarcação. Posteriormente, a investigação da Marinha estabeleceu que o navio já se encontrava atracado e estava a ser reabastecido de combustível.

O nível elevado de alerta resultava de elementos recolhidos pelos serviços de informações americanos, indicando que diferentes grupos islamitas ativos no Iémen estariam a preparar um ataque. Dez meses antes, uma tentativa em águas iemenitas contra um outro destroyer, o USS Sullivan, falhou apenas porque o barco a ser usado se afundou devido ao excesso de peso dos explosivos a bordo.

Horas após o ataque, o Pentágono anunciou estar-se perante um ato terrorista perpetrado por um grupo de iemenitas que tinham combatido no Afeganistão nos anos 1980. A investigação posterior estabeleceu que um deles teria recebido instruções por telefone, alegadamente, do próprio Bin Laden. Foi ainda sugerido que alguém nas autoridades iemenitas, previamente informadas da passagem do navio, teria passado esse dado aos terroristas.

O USS Cole sofreu danos estimados em 200 milhões de dólares e voltou a navegar em abril de 2002. No corredor central, 17 estrelas recordam os mortos de 12 de outubro de 2000.

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