O mistério das munições perdidas no exército alemão
Um porta-voz do Ministério da Defesa da Alemanha reconheceu que desapareceram nos últimos 10 anos umas 60 mil munições nas forças armadas alemãs, Bundeswehr. A este número soma-se 48 mil cartuchos em falta da unidade de elite KSK, que se soube estar infiltrada por elementos da extre,a-direita.
A situação está a ser investigada depois de dezenas de milhares de munições terem sido dados como desaparecidos do inventário do exército.
"Contudo estes números são apenas aproximados", lê-se no jornal Die Welt, o qual avançou a notícia antes da confirmação oficial.
O número estimado de 60 mil munições da Bundeswehr foi uma estimativa confidencial enviada pelo governo a um pedido de informações de vários partidos no parlamento alemão, o Bundestag.
De um número incial de 96 mil cartuchos, apenas cerca de 36 mil cartuchos de diferentes calibres foram localizados, informou o governo alemão.
A este número somam-se as 48 mil munições que desapareceram da unidade de elite Kommando Spezialkräfte (KSK). Este desaparecimento faz soar os alarmes, uma vez que esta unidade está sob suspeita de ter neonazis nas suas fileiras.
No final de junho, a ministra da Defesa da Alemanha, Annegret Kramp-Karrenbauer, anunciou que o KSK vai ser reestruturado após uma inspeção resultante de inúmeras alegações de ligações à extrema-direita.
Uma das quatro companhias pode ser dissolvida, o que afetaria cerca de 70 soldados.
O KSK foi formado como uma unidade do exército em 1996, tendo como missões operações antiterroristas e resgate de reféns. Tem estado no ativo no Afeganistão e nos Balcãs.
Os inspetores militares estão a averiguar a unidade especial depois de uma notícia de 2017 que dava conta de uma festa em que os participantes fizeram a saudação nazi, ouviram música de extrema-direita e participaram num jogo que envolvia atirar a cabeça de um porco.
No ano passado, um sargento foi afastado e em janeiro os militares informaram que há 20 soldados sob suspeita de serem neonazis.
"Estamos agora a investigar intensivamente e a avaliar as nossas práticas, não apenas no KSK", disse o porta-voz do ministério.
A investigação vai examinar se as munições em falta são o resultado de negligência, ou de atividade criminosa. "A negligência será travada, todos os casos de desvio serão relatados e o Ministério Público será chamado", anunciou o porta-voz.