O decote da primeira-ministra gerou polémica e uma onda de apoio
Sanna Marin já tinha sido notícia por se tornar na mais jovem chefe de governo do mundo ao ser eleita em dezembro de 2019. Agora, a primeira-ministra da Finlândia volta a dar que falar depois de posar para a Trendi, a principal revista de moda do seu país, usando um blazer com um decote pronunciado e nada por baixo. No post de Instagram em que a revista partilhava a foto de Marin não faltaram comentários a denunciar a indumentária "imprópria" para o seu cargo. Ora as críticas logo provocaram reações de apoio, com a hashtag #imwithsanna a acompanhar a publicação nas redes sociais de inúmeras fotos de mulheres de blazer preto e decote profundo.
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Na entrevista que dá à Trendi, Marin, de 34 anos, fala da "pressão" e"exaustão" que sentiu neste primeiro ano no cargo. "Isto não é um trabalho comum ou uma vida normal, é pesado em muitos aspetos", confessa na edição de outubro em que é apresentada como "a primeira-ministra Sanna Marin tem uma posição de liderança em que é um exemplo, um modelo a seguir, pode mudar as coisas e ser uma influencer".
Criada no que a própria chama de "família arco-íris" pela mãe e a sua companheira, Marin é casada e tem uma filha de dois anos. Vegetariana, surge como a face moderna da Finlândia, tendo-se destacado pelas suas políticas a favor da igualdade. Uma das propostas do seu governo que mais chamaram a atenção mundial foi a introdução de uma semana de quatro dias.
As críticas de que foi alvo devido à sessão fotográfica para a Trendi geraram uma forte reação nas redes sociais, com os apoiantes da primeira-ministra a denunciarem que há dois pesos e duas medidas no momento de comentar a indumentária de um líder.
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E depressa começaram a circular fotografias do antigo presidente finlandês Carl Gustaf Mannerheim, herói militar do país, montado a cavalo nu. Sem que isso na altura tenha sido um escândalo. Tal como ninguém se insurgiu quando nos anos 1970 o então chefe do Estado Urho Kekkonen foi fotografado numa sauna com outros homens sem roupa.
As mulheres na política já se habituaram a ver a sua escolha de vestuário comentado nos media, com muitas delas a denunciarem o sexismo destes comentários. A americana Hillary Clinton, ex-primeira dama, ex-senadora e ex-candidata presidencial foi criticada pelas mudanças constantes de penteado e por usar quase sempre fatos de calça e casaco. Em 2015 o tabloide britânico Daily Mail colocou os seus fatos na lista das "20 piores indumentárias dos últimos 50 anos".
Nos anos 1990 a então primeira-ministra polaca Hanna Suchoka foi alvo de críticas por usar um casaco cor-de-rosa forte. Ao que ela respondeu: "Porque é que não posso? Primeiro sou mulher e só depois sou primeira-ministra!"
Isto só para dar dois exemplos. Mas haveria muitos mais.
Quanto a Marin, as críticas de que foi alvo espantam ainda mais se pensarmos que a Finlândia é conhecida por ser uma campeã da igualdade de género, tendo até um governo em que as mulheres são a maioria. Isto além de ter sido o primeiro país europeu (e o terceiro no mundo, depois da Nova Zelândia e Austrália) a dar o direito de voto às mulheres, em 1906, quando ainda fazia parte do império russo.