Nova Iorque. Aconteceu a 11 de setembro

Patrick Critton foi preso depois de passar trinta anos fugido à polícia. Evelyn Fanke fez um transplante de coração. Roger Clemens acordou a pensar que ia bater um recorde histórico pelos Yankees. Shamscel Alahtez transferiu para o Bangladesh as poupanças de quatro anos de trabalho, para que a sua mãe pudesse comprar uma casa. Histórias que aconteceram em Nova Iorque, no dia 11 de Setembro de 2001, e nada têm a ver com os atentados
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Mount Vernon é um bairro nova-iorquino a norte do Bronx, um aglomerado de avenidas largas, plátanos frondosos e edifícios de três pisos em tijolo vermelho. Quando as zonas tradicionalmente afro-americanas da cidade - Harlem, Queens e Bronx - passaram a estar na berra, no final dos anos 90, as rendas aumentaram de tal forma que uma fatia da população negra de Nova Iorque começou a migrar para os dormitórios mais longínquos da linha do metropolitano. Mount Vernon é também uma das regiões mais jovens da cidade. Como os adultos trabalham a mais de uma hora de casa e pouco tempo passam com os filhos, todas as 16 escolas do bairro oferecem programas extracurriculares de ocupação dos tempos livres.

Na manhã do dia 11 de setembro de 2001, Patrick Dolan Critton saiu da sua casa em Mount Vernon e dirigiu-se à A.B. Davis Middle School, onde coordenava um programa de recuperação para menores em risco. Assim que pôs um pé na rua, foi abordado por dois polícias e recebeu ordem de prisão. Trinta anos antes, o professor era apontado como um dos cabecilhas dos Black Panthers, um partido radical afro-americano. Patrick tinha assaltado um banco, desviado um avião para Cuba e passara três décadas inteiras escondido das autoridades. "No dia em que fui caçado até suspirei de alívio. Estava cansado de passar mais de metade da minha vida a olhar para trás dos ombros", confessa agora ao DN.

[destaque: Patrick tinha assaltado um banco, desviado um avião e passara três décadas inteiras escondido das autoridades]

Critton tem voz ríspida, mas um olhar bondoso. Magro, não mede mais de 1,65, tem cabelos brancos e óculos de fundo de garrafa. Tem um ar surpreendentemente vulnerável. Pede para não ser fotografado, argumentando que a história que nos vai contar é a de um "homem que já não existe". Foi sentenciado a cinco anos de prisão, dos quais cumpriu efetivamente um ano e dez meses. E atira: "Não quero ser reconhecido como criminoso. Tive a sorte de ter sido preso no 11 de Setembro. Em circunstâncias normais, a minha cara teria aparecido na primeira página dos jornais. Assim, acabou por ficar escondida debaixo dos escombros do World Trade Center."

Em 1971, quando tinha 24 anos, Critton envolveu-se numa célula que trabalhava sob a capa dos Black Panthers, chamada Republic of New Africa. "Estávamos em plena guerra pelos direitos civis e a nossa ideia era fundar uma nação negra em seis estados do sul dos Estados Unidos." Em julho, ele e três outros companheiros decidiram assaltar um banco da Broadway, para financiarem as ações do grupo. Mas acabaram por envolver-se num tiroteio com a polícia e a operação correu mal. Um dos membros do Republic foi morto, outros dois detidos. Patrick conseguiu fugir e, clandestinamente, passar a fronteira para o Canadá.

No dia 26 de dezembro, embarcou no voo DC9 da Air Canada, de Ontario para Toronto. "Carregava comigo uma pistola e uma granada que eu próprio tinha produzido. Quando estávamos prestes a aterrar, chamei a hospedeira e entreguei-lhe um papel onde dizia que estava armado e queria tomar o controlo do avião. Se ela e os pilotos não cooperassem ou chamassem as autoridades, eu não deixaria os passageiros sair." A tripulação anuiu, os passageiros desembarcaram e o voo seguiu para Havana. "Pedi asilo a Cuba. Prenderam-me durante seis meses, mas não me repatriaram. Quando saí, fui trabalhar para as plantações de cana-de-açúcar até os Black Panthers me levarem para a Tanzânia."

Em África, casou, teve dois filhos, começou a dar aulas. "Tornei-me um homem de família e esqueci o raio da revolução." Quando, em 1994, se dirigiu à embaixada norte-americana e pediu um passaporte com o nome verdadeiro, já o seu caso tinha há muito deixado de constar nos registos policiais. Voltou por isso a Nova Iorque e começou a dar aulas de História. Primeiro em Brooklyn, depois no Bronx, por fim em Mount Vernon, onde se instalou com a família. "Às tantas tornei-me líder da iniciativa escolar de apoio a miúdos em risco e organizava cursos de verão sobre a cultura afro-americana. Era amigo do mayor e do comandante da polícia. Era um tipo respeitado na comunidade. Senti sempre um certo de receio de ser apanhado, mas levava uma vida normal."

Em maio de 2001, a polícia de Ontário abriu um gabinete de investigação para casos que nunca tinham sido resolvidos. E Donald Jorgensen, um dos detetives, resolveu "começar pelo caso mais antigo que havia nos arquivos: o sequestro do avião para Cuba" - diria mais tarde ao Sun, um dos principais jornais de Toronto. Com uma simples pesquisa no Google, encontrou um anúncio dos cursos que Critton lecionava. Contactou por isso o gabinete de forças antiterrorismo de Nova Iorque e pediu que investigassem o homem. A partir daí, o caso ficou resolvido em três tempos. Nos Estados Unidos, qualquer professor que entre numa escola pública entrega as suas impressões digitais. No Canadá havia registo das marcas que o homem havia deixado num copo de vidro, quando desviara o avião.

Os crimes que Patrick Critton havia cometido em solo americano há muito que tinham prescrito. Ainda assim, foi julgado no Canadá e condenado a cinco anos de prisão. O tribunal decidiu não o acusar de terrorismo, antes de rapto e roubo, já que a sua principal motivação era a fuga para Cuba. "Bem vistas as coisas", diz-nos agora, "ser preso no 11 de Setembro foi a melhor coisa que me podia ter acontecido. Os atentados foram tão terríveis, e impressionaram tanta gente no mundo, que o ministério público decidiu marcar bem as diferenças. Que raios, eu não sou nenhum Bin Laden", e bebe um gole de bourbon. "Se não fosse o World Trade Center ter ruído, eu ainda estava enjaulado. Mas preferia mil vezes ficar numa cela até os meus ossos se desfazerem em pó a ver todos aqueles inocentes morrerem diante das câmaras de televisão."

Festa rija em Nova Iorque

Às duas da manhã do dia 11 de Setembro de 2001, Kevin Sanders sentou-se na sala de convívio dos trabalhadores do aeroporto de La Guardia, em Nova Iorque, estendeu as pernas em cima de um banco e abriu uma lata de cerveja. O homem tinha cumprido dois turnos seguidos a carregar malas para as passadeiras de recolha de bagagem, bem merecia a recompensa. Ao seu lado estavam meia dúzia de colegas igualmente exaustos, igualmente bem-dispostos. Brindavam uns com os outros, cumprimentavam-se por um trabalho bem feito. "Nesse dia, batemos o recorde de transporte de malas", conta agora, ao mesmo tempo que alimenta os pombos em Fulton Street, na baixa de Manhattan. "Nunca conseguíamos fazer mais do que 40 dólares em comissões, mas veja lá que, nessa noite, cada homem levou 83 dólares e 16 cêntimos para casa."

Sanders é alto, tem pele escura, olhos esbugalhados e uma barriga proeminente. Não tem dúvidas nenhumas que, na véspera dos ataques, o aeroporto tinha registado um tráfego muito acima do habitual. "Parecia véspera de Natal." Ainda por cima, alguns bagageiros estavam de férias. "Não tivemos tempo para parar um segundo, lembro-me que tinha uma sanduíche no bolso e nem tive tempo de acabá-la. Ainda por cima, estava um calor dos diabos. Era um daqueles dias em que um tipo só pensa ir para Coney Island ver as miúdas de biquíni." Quando o turno terminou, os bagageiros juntaram dinheiro, compraram doze cervejas para cada um e "uma caixa de donuts tão grande que um tipo sozinho não a conseguia transportar." Só sairiam da sala de convívio depois do relógio bater as cinco da manhã.

Às seis da manhã, não muito longe dali, Tony Morante chegou ao estádio dos New York Yankees, a principal equipa de baseball da cidade, e esfregou as mãos de contente. "É hoje." Na véspera, a equipa tinha batido um dos seus principais rivais, os Boston Red Sox, e o dia 11 adivinhava-se histórico. Morante abriu a edição da manhã do New York Times, saltou direto para as páginas de desporto, e procurou a notícia que lhe interessava: "Roger Clemens pode conseguir hoje o que nenhum homem fez". Clemens, a estrela da equipa, teria nessa noite oportunidade de bater pela vigésima vez consecutiva a sua antiga equipa e arrematar para os Yankees um recorde nunca antes alcançado: um jogador marcar pontos em todos esses jogos e não perder mais do que uma vez.

Os Yankees estavam a ter uma época em cheio. E Tony Morante, que hoje dirige as visitas guiadas ao estádio mas há dez anos tratava da logística para eventos especiais, tinha um dia ocupado pela frente. "Eu vim cedo para verificar se estava tudo em ordem. Quando cheguei, ainda só cá estavam as senhoras da limpeza." A direção dos Yankees tinha previsto uma homenagem a Roger Clemens. Ser-lhe-ia entregue uma taça - que estava encomendada e deveria chegar nessa manhã - e os painéis electrónicos do estádio passariam imagens dos melhores momentos do jogador nessa época. À tarde seria montado um pódio portátil com fogo-de-artifício. "Ia ser uma bela festa, pode ter a certeza."

Quando, às nove da manhã, Tony Morante ligou o rádio e percebeu que as Torres Gémeas tinham sido atingidas, ligou imediatamente para os membros da direção do clube. Deu a informação em primeira mão a dois ou três deles. Uma hora mais tarde, recebia uma chamada do presidente, a dizer que todo o campeonato seria interrompido até aviso em contrário. E, de facto, a equipa de baseball de Nova Iorque só viria a jogar contra os Red Sox a 25 de Setembro. Clemens, depois de interromper a sua onda vencedora, acabou por não conseguir bater o recorde de 20 para um. E os Yankees acabariam por perder o campeonato do mundo desse ano. "Mas durante o tempo em que não jogaram", conta Morante, emocionado, "os rapazes não treinaram uma única vez. Passaram os dias a visitar quartéis de bombeiros e esquadras de polícia, porque sentiram a dor dos que mais perderam. Podem não ter ganho nada, mas revelaram-se verdadeiros Yankees."

Renascer a 11 de Setembro

O verão de 2001 foi terrível para Evelyn Fanke. Durante semanas, a mulher lutou tenazmente contra o seu coração, mesmo sabendo que estava a perder o combate. A antiga enfermeira contava 75 anos e um diagnóstico nada animador: miocardiopatia em fase avançada. Internada desde o final de agosto no hospital de Queens, fazia o balanço à vida. "Fui uma mulher feliz. Casei-me com o homem que amava, tive dois filhos maravilhosos e três netos encantadores. Viajei e vi o mundo, ajudei a salvar vidas. Posso dizer que tive sorte, estou preparada para o pior." De facto, a menos que recebesse um transplante de coração nos dias seguintes, a dificuldade que sentia em respirar, e que já a obrigada a inspirar por uma máscara de oxigénio, intensificar-se-ia ao ponto de já não o conseguir fazer.

Apesar de integrar a lista de transplantes, as probabilidades de receber um órgão com a sua idade não eram elevadas. Na madrugada de 11 de Setembro, no entanto, o médico entrou no seu quarto e anunciou: "Temos um coração e é compatível. Quem sabe se não é operada hoje." Era uma hipótese distante, mas era uma hipótese. Resolveu não pedir à enfermeira para ligar aos filhos a meio da noite a dar notícias não confirmadas. Se o melhor cenário se verificasse, logo haveria de contactar os seus. Acabou por não ter tempo avisar ninguém. "Quando recebi a notícia de que a cirurgia ia mesmo avançar, começaram logo a preparar-me para dar entrada no bloco operatório."

O coração, descobriu ela mais tarde, pertencia a alguém - "nunca soube se homem ou mulher" - que tinha falecido nessa tarde, no mesmo hospital. O facto do espaço aéreo ser interdito à circulação horas mais tarde foi determinante para Evelyn saltar para o primeiro lugar da lista de recetores. "A operação acabaria por ser um sucesso. Hoje tenho 85 anos e sinto-me uma jovem", ri agora, num banco de jardim, perto do cais de Staten Island. Segundo os registos do Hospital Central de Queens, depois do transplante de Evelyn Fanke, todas as cirurgias seriam canceladas. Os médicos ficariam em alerta máximo para receber feridos que acabariam por nunca chegar. "Só dois dias mais tarde soube que Nova Iorque tinha sido alvo de um atentado terrorista", e os olhos pousam na outra margem da baía de Hudson, um horizonte obliterado de Torres Gémeas.

Muito mais gente não se apercebeu que a cidade estava sob ataque. Como Shamscel Alahtez, cozinheiro do Flannagan's, um bar de Times Square que serve hamburguers e tortillas de frango e fica normalmente aberto até tarde. "Não há notícias que te desconcentrem quando estás em frente a um fogão", ri com um sorriso descomprometido. No dia 11 de Setembro, o Flannagan's foi o único bar do midtown que permaneceu aberto até anoitecer. Com a cidade apinhada de turistas, Shamscel não tinha mãos a medir. "Entrei às nove da manhã e não parei até às sete da tarde. E lembro-me de pensar que estava na hora de pedir um aumento ao meu chefe."

Alahtez tinha chegado a Nova Iorque seis anos antes, vindo do Bangladesh. O mais velho de 11 irmãos tinha empenhado todas as economias da família para cumprir a viagem e estabelecer-se na metrópole americana. "Somos de uma casta baixa e a nossa família sempre foi pobre. O meu pai morreu quando eu tinha sete anos e todos nós trabalhávamos no arroz ou a conduzir riquexós. Em 1993, apareceu uma oportunidade de viajar num cargueiro para os Estados Unidos. Vendemos todas as posses para eu me aguentar uns meses aqui. A minha família sacrificou-se muito por mim, mas eu sabia que mais tarde ou mais cedo haveria de os compensar."

Em 1996, casou rapariga meio indiana, meio norte-americana e conseguiu legalizar-se. Um ano mais tarde, entrava no Flannagan's, onde permaneceu até hoje. "Comecei a levar pratos e cheguei a cozinheiro. Isso permitiu-me ir juntando algum dinheiro, para enviar à família. Ao início depositava somas pequenas, depois decidi que deveria concentrar-me num valor maior, para que a minha mãe pudesse comprar uma casa com boas condições." Ainda não eram oito da manhã do dia 11 de Setembro de 2001 quando Shamscel Alahtez se dirigiu à agência da Western Union de East Harlem, onde vivia, e depositou 50 mil dólares (35 mil euros, à taxa actual) para os seus parentes no Bangladesh. Depois seguiu para a cozinha do Flannagan's. Só às sete da tarde, quando largou o serviço, percebeu que o sonho americano tinha sofrido um duro abalo.

Um dia de escolhas

Leslie Tugtman queria apanhar a abertura das lojas, no dia 11 de Setembro de 2001. Estava indecisa entre comprar um vestido Dona Karan e outro Ralph Lauren. "Queria ter tempo para experimentar os dois, por isso fui às seis da manhã para o escritório, adiantar trabalho." Tinha aberto há poucos meses um gabinete de decoração de interiores na esquina da rua 59 com a Lexington, o que para sua perdição ficava mesmo em frente a um Bloomingdale's. O seu plano para a manhã era tratar primeiro da papelada urgente e, mal a loja abrisse as portas, às dez da manhã, correr para os expositores de roupa feminina.

Era dia do seu 25º aniversário de casamento e tinha combinado com o marido, Michael, um jantar romântico. Ele, clínico geral no hospital de Saint Luke's, em Morningside Heights, sairia do turno às seis da tarde e levá-la-ia a um restaurante que ele próprio escolhera - e que, segundo afirmara na véspera, seria "uma boa surpresa." Leslie embrenhou-se no trabalho e, para evitar distrações, deixou a televisão desligada. "Às dez horas atravessei a rua e entrei na loja. Experimentei os dois vestidos e ainda outro, mas acabei por decidir-me pelo Dona Karan." Desceu as escadas, pagou com cartão de crédito e foi só quando chegou à rua que percebeu que algo não batia certo. "As pessoas estavam especadas junto aos televisores e toda a gente parecia falar com desconhecidos."

Apercebeu-se horrorizada dos atentados terroristas. "Não tinha telemóvel, por isso corri para o gabinete e liguei para o hospital, para tentar falar com o meu marido. Mas só consegui comunicar com ele muito mais tarde." Passou o resto da manhã a telefonar para familiares e amigos. Às duas da tarde, Michael devolveu-lhe a chamada. Teria de ficar de plantão, à espera de feridos. O jantar estava obviamente cancelado. "Aquele vestido era lindíssimo, preto e comprido, decotado nas costas. Mas nunca tive coragem de usá-lo, ainda está por estrear no armário. Além disso, desde esse dia, decidimos passar a comemorar o nosso aniversário de casamento a 13 de setembro. Ou, se a data ficar próxima de um fim de semana, deixamos a celebração para sábado."

No outro lado de Manhattan, em plena universidade de Columbia, o professor de jornalismo Ari Goldman confrontava-se com as suas próprias dúvidas. A 11 de Setembro estavam marcadas eleições para o mayor de Nova Iorque e para cada uma das divisões administrativas da cidade - Manhattan, Queens, Brooklyn, Bronx e Staten Island. "Eu tinha combinado com os meus alunos que faríamos uma cobertura exaustiva das eleições. Eles iriam acompanhar as votações em cada área e reportar-me a partir daí. Depois, assistiriam ao anúncio dos resultados, aos discursos políticos, como se de uma redação normal se tratasse."

Com os alunos espalhados pela cidade desde as oito da manhã, Goldman decidiu pôr-se a fazer exercício no ginásio da universidade. "Estava a correr na passadeira rolante e as televisões estavam ligadas. Quando percebi o que estava a acontecer, não sabia se havia de pensar primeiro como jornalista ou como professor." Se tivesse optado pela primeira opção, teria enviado mensagens aos seus alunos e pedido que cobrissem o ambiente no World Trade Center. Mas a pedagogia falou mais alto. Enviou isto aos alunos: "O trabalho foi cancelado, procurem um lugar seguro para se abrigar e contactem-me assim que estiverem salvaguardados."

Goldman vestiu-se num ápice e correu para o seu gabinete, um quadrado forrado de livros com vista para a praça central do campus. "Liguei imediatamente para casa, para ver como estavam a minha mulher e a minha filha, mas elas não atendiam o telefone." Agora sim, o professor sentia um dilema. Por um lado, tinha de permanecer no gabinete e esperar que todos os alunos o contactassem. Por outro, tinha ganas de correr para casa e descobrir o paradeiro da família. "Ao longo da manhã, os estudantes foram telefonando e garantiram-me que não havia qualquer problema com a sua integridade física." Então correu para casa, e deu com uma carrinha de mudanças estacionada à porta. "Assim que entrei, vi a minha mulher e a minha filha darem instruções a dois homens para carregarem uma nova secretária para o quarto da miúda. A minha esposa olhou para mim e disse: 'Ari, o que fazes tão cedo em casa? Não imaginas o trânsito caótico que está hoje em Nova Iorque'."

Artigo publicado originalmente na edição de 11 de setembro de 2011 no Diário de Notícias

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