Nicolás Maduro fez uma versão de Despacito. "Não aprovo", dizem autores

"Apropriares-te ilegalmente de uma música não se compara aos crimes que cometes e cometeste na Venezuela", escreveu Daddy Yankee
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O presidente da Venezuela Nicolás Maduro usou a música Despacito este domingo num comício em Caracas. Só que não passou a versão original, mas sim uma versão com uma mensagem de propaganda, o que suscitou críticas por parte dos autores da música Luis Fonsi, Daddy Yankee e Erika Ender.

Na versão do presidente, a letra da música que se tornou um êxito mundial foi alterada para pedir que o povo apoie o governo e a assembleia constituinte. A música de Maduro diz que a assembleia vai em frente pela união e pela paz do país.

Neste domingo, 30 de julho, devem ser eleitos os 545 membros da Assembleia Constituinte para fazer alterações à Constituição venezuelana, um ato que tem provocado grande descontentamento e protestos violentos.

"Não aprovo", disseram os autores da música. "A minha música é para todos aqueles que querem ouvi-la e desfrutá-la, não para ser usada como propaganda que tenta manipular a vontade de um povo que pede aos gritos a sua liberdade e um melhor futuro", escreveu Luis Fonsi nas redes sociais.

"Em nenhum momento fui consultado nem autorizei a mudança da letra de Despacito para fins políticos", continuou o cantor porto-riquenho, "muito menos no meio da deplorável situação que vive um país de que tanto gosto como a Venezuela".

"Estou com a Venezuela", escreveu Fonsi na hashtag.

Daddy Yankee também se manifestou, com uma imagem que mostrava uma cruz vermelha por cima de notícias que falavam da versão de Maduro.

"Que se podia esperar de uma pessoa que roubou tantas vidas a jovens sonhadores e a um povo que procura um futuro melhor para os filhos?", escreveu o cantor, também do Porto Rico.

"Apropriares-te ilegalmente de uma música não se compara aos crimes que cometes e cometeste na Venezuela. O teu regime ditatorial é uma farsa, não só para os meus irmãos venezuelanos como para o mundo inteiro", continuou o cantor.

Tanto Daddy Yankee como Erika Ender, também coautora do tema, disseram que não aprovam o uso político da música por parte de Maduro.

Ver que Despacito "foi utilizado sem autorização para publicitar campanhas vinculadas a um regime que deixou um país descontente e a sofrer está longe de alegrar-me. Deixa-me indignada e não aprovo", escrevey a cantora Erika Ender, também nas redes sociais.

Despacito é a música mais ouvida em streaming em todo o mundo, quebrando um recorde. Na semana passada, a música de Luis Fonsi e Dady Yankee já tinha sido reproduzida mais de 4.600 milhões de vezes - entre a versão original e o remix interpretado por Justin Bieber.

A Venezuela tem vivido momentos críticos nos últimos meses e desde o início das manifestações, em abril, já morreram 103 pessoas, milhares ficaram feridas e outras centenas foram detidas.

Esta semana é particularmente decisiva pois a oposição quer multiplicar as iniciativas para bloquear a eleição da Assembleia Constituinte, prevista para 30 de julho. A oposição venezuelana convocou uma greve de 48 horas para quarta-feira e quinta-feira contra o Presidente Nicolás Maduro e contra o seu projeto de alterar a Constituição.

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