Mudança de sexo: Nova Zelândia ataca lista de espera de 50 anos
Na Nova Zelândia, mais de 100 pessoas esperam por operação para mudança de sexo, uma espera que pode demorar 50 anos. Tudo porque o governo local impôs fortes restrições a estas cirurgias, financiando apenas três mudanças de masculino para feminino e uma de feminino para masculino a cada dois anos. Um cenário que deve mudar radicalmente nos próximos tempos, já que o governo de coligação que tomou posse há um ano acabou com qualquer limite nas cirurgias.
Segundo o jornal neozelandês Newsroom, o limite de cirurgias que era praticado até agora, e no estrangeiro, passará a partir daqui a ser o número mínimo de operações que têm de ser realizadas a cada dois anos. Desde junho, oito pessoas foram referenciadas para cirurgia de mudança de sexo já à luz das novas diretivas da ministra da saúde da Nova Zelândia, Julie Anne Genter, que defendeu o aumento destas operações no sistema público. Para se ter uma ideia, o número de pessoas referenciadas desde o verão equivale a quase metade das 19 cirurgias nesta área que foram realizadas em 14 anos, desde 2004, quando foram impostas as limitações.
"O nosso sistema de saúde nunca respondeu às necessidades dos transsexuais neozelandeses, e isso tem de mudar", frisa James Shaw, que está a substituir Julie Anne Genter, ainda a gozar uma licença de maternidade. "Vai fazer uma enorme diferença para imensa gente, há um grande sentimento de alívio e excitação na comunidade transgender", reagiu Lynda Whitehead, da associação Tranzaction Aoteroa.
Neste momento, 105 pessoas esperam por uma operação de mudança de sexo na Nova Zelândia - 79 de masculino para feminino -, uma lista de espera que, a juntar-se aos limites anteriores, foi agravada pela reforma em 2014 do único médico que realizava cirurgias de mudança de masculino para feminino no país. Isto porque a Nova Zelândia nunca teve especialistas em operações de feminino para masculino, que são mais complicadas.