Presidente da Fundação das Vítimas do Terrorismo, é deputada do PP desde dezembro. Diz-se contra o reagrupamento de presos da ETA, reclama justiça e informação às vítimas e admite que não há unidade entre partidos e associações..Sente que hoje vai finalmente ser feita justiça à morte do seu irmão?.A fotografia deste sábado é mais um passo para a derrota da ETA pelo Estado de direito. Mas devemos lembrar que a fotografia não converte a ETA em boa. Ainda não sabemos muito bem o que vai acontecer mas espero que com a informação que vão facilitar se possa fazer justiça aos ainda mais de 300 casos de terrorismo que estão por resolver. Os que mataram o meu irmão estão na prisão mas gostava de poder saber muitos mais pormenores sobre o que aconteceu com ele..Porque acha que o desarmamento chega neste momento?.Todos os anos a ETA procura o seu momento de publicidade gratuita para lembrar que ainda existe. O passo seguinte será a sua dissolução incondicional mas eu nunca vou esperar nada de positivo porque sempre nos deram coisas muito negativas..O que vai acontecer depois?.Como Estado de direito devemos exigir essa dissolução acompanhada de um arrependimento, de um pedido de perdão e de uma colaboração total com a justiça espanhola..Depois do desarmamento há questões ainda por definir, como o destino dos presos....Nós, vítimas, pedimos o cumprimento total da lei. Defendemos a política de dispersão dos presos, porque achamos que funciona no que toca ao desarmamento da organização. No debate mediático fala-se da situação e do sofrimento dos presos mas quem mais violou os direitos das pessoas foram os terroristas. Não estou preocupada com os presos e sim com o que se deve construir à volta de tudo isto, entre todos, em que se deve garantir a verdade, a memória, a dignidade e a justiça..E os exilados?.Não são exilados, fugiram da justiça. Devem voltar e cumprir a lei..Considera que há unidade entre as vítimas do terrorismo da ETA?.Estamos unidos pela dor, pela memória, pelo amor à liberdade e sobretudo pela defesa da justiça. Podemos ter pequenas diferenças, mas no principal estamos juntos. Domingo [amanhã] será mais um dia de trabalho para construir a convivência em paz e liberdade..E como vai ser a convivência?.Deixar de ouvir o barulho das bombas faz que os cidadãos percam o medo. Mas, infelizmente, no País Basco ainda há lugares onde não existe liberdade. Para alguns a sua integridade física e a sua dignidade correm perigo. A ETA continua a utilizar a linguagem totalitária e do ódio. Com o desarmamento, nós, as vítimas, devemos ser ainda mais generosas e não impor nada aos terroristas. Deve exigir-se, sim, a sua dissolução..Pensa que a atuação do governo de Mariano Rajoy tem sido a correta?.Deve manter a posição que está a seguir, firmeza total do Estado de direito e cumprimento da lei..Considera que existe unidade política em torno da questão do terrorismo?.Considero que não. Além da esquerda independentista basca (abertzale) temos forças políticas no Parlamento espanhol, como é por exemplo o caso do Podemos, que estão a pedir a concentração dos presos da ETA num único local..No dia 13 de julho passam 20 anos sobre a morte do seu irmão. O que resta do chamado espírito de Ermua, que surgiu logo em seguida, com protestos nas ruas de Espanha?.A derrota da ETA. Nesse dia, muitas pessoas lembraram-me que a morte do meu irmão marcou o princípio do fim da ETA. Houve uma unidade política e social nesse momento que decidiu fazer frente ao mundo da esquerda abertzale (que apoiava a ETA). Já não existe essa unidade política, é verdade, mas houve muitas mudanças legislativas e foi esse também o caminho que nos levou à derrota final da ETA..Em Madrid